A Hydro firmou o compromisso de diminuir as emissões de carbono em suas operações no mundo em 10% até 2025, em 30% até 2030 e de neutralizar as emissões até 2050. Nesse contexto, as operações da empresa no Brasil têm papel estratégico, já que ela atua em toda a cadeia do alumínio no país, desde a mineração, refino, produção de alumínio primário, extrusão e geração e comercialização de energia renovável. “Nosso enfoque para atingir as metas de descarbonização é investir nos escopos 1 e 2 de descarbonização, ou seja, nas emissões internas ao nosso processo produtivo e nas oriundas da energia que usamos, o que implica na mudança da matriz energética das operações”, avalia Carlos Eduardo Neves, vice-presidente de Operações da Hydro.
Segundo ele, a alumina produzida pela Hydro Alunorte já é um produto de baixo carbono e, até o final de 2024, terá uma redução de mais 1,4 Mt de CO2 por tonelada produzida. Juntas, todas as iniciativas de descarbonização da refinaria levarão a uma redução, em 2025, de cerca de 0,2 t de CO2 por t de alumina, representando uma redução em torno de 0,4 t de CO2 por t de metal de alumínio produzida. Para a empresa, as operações de bauxita e alumina são um facilitador-chave para consolidar sua liderança na transição para o alumínio verde, reduzindo significativamente a pegada de carbono na fase inicial.
A transição energética da Hydro Alunorte está sendo implementada com a refinaria em plena operação. Assim, o maior desafio é realizar as adaptações da planta às novas tecnologias sem prejudicar os planos de produção. Por isso, a troca do óleo BPF (de baixo ponto de fluidez) pelo gás natural e a instalação das caldeiras elétricas estão sendo feitas em etapas, de forma a não prejudicar a capacidade operacional da refinaria. Só em 2024, o investimento na conversão para o gás natural é da ordem de R$ 1,3 bilhão. Outros R$ 300 milhões serão destinados às caldeiras elétricas.
Estratégias
Os dois projetos serão concluídos em 2024. Para receber o gás natural, toda a estrutura da refinaria precisou ser adaptada. No caso das caldeiras, a primeira caldeira elétrica, a maior disponível no mundo e projetada com a nova tecnologia de eletrodo submerso, foi instalada em 2022. Neste ano, serão instaladas outras duas. Apenas com a combinação desses dois projetos, haverá uma redução de 35% nas emissões de CO2, equivalentes a 1,25 Mt de emissões de carbono, sendo 700 mil t resultantes da operação com gás natural e 550 mil t com a operação das caldeiras elétricas.
Tanto a refinaria quanto a mina de bauxita Hydro Paragominas serão abastecidas com energia elétrica de fontes renováveis. A Hydro Alunorte assinou dois contratos de compra de energia solar e eólica de empreendimentos. Um deles é o Mendubim, de energia solar, que iniciou operações em março, uma parceria entre as empresas de energia renovável Hydro Rein, Scatec e Equinor ASA. O contrato tem duração de 20 anos e cerca de 60% da geração de 531 megawatts (MW) será destinada à refinaria, a principal consumidora da usina. O outro parque gerador é o Ventos de São Zacarias, com capacidade de 456 MW, que além da Hydro Alunorte, vai abastecer a Hydro Paragominas por 20 anos.
Também está em estudo o uso de fontes alternativas de biomassa, como o caroço do açaí, e biogás. Outra iniciativa é a substituição de veículos a combustão por modelos elétricos na refinaria e na mina. Para as operações de transporte de minério, inclusive, através de uma parceria com a Irmen Máquinas, foram adquiridos dois caminhões SKT90E, fabricados pela Sany, com capacidade de 60 t e totalmente elétricos. Novas tecnologias também são objeto da área de Pesquisa e Desenvolvimento da empresa, buscando criar projetos inovadores e robustos para viabilizar sua estratégia de descarbonização de médio e longo prazo.
Em 2023, extrapolando o âmbito de sua atuação interna, a mineradora assinou o Pacto pelo Clima, que integra o projeto Paragoclima, conjunto de ações para que a cidade de Paragominas alcance, em curto prazo, a neutralidade na emissão de carbono. Desenvolvido pela Secretaria de Meio Ambiente municipal, o projeto tem como principal meta a redução das emissões de Gás de Efeito Estufa (GEE) a zero até 2030, em uma atuação conjunta de lideranças e atores sociais e instituições públicas e privadas, para a criação de políticas públicas de mudanças climáticas.
Segundo Neves, a Hydro não está aguardando a regulamentação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE), que dispõe sobre o mercado de carbono no Brasil, para fazer sua parte em relação à descarbonização. “Temos um compromisso muito maior, uma responsabilidade com o planeta. Por isso, independente da regulamentação. já temos tantos projetos em andamento voltados para a redução das emissões de carbono. Acreditamos que, com a chegada dessa regulamentação, o histórico das empresas que têm investido em ações de descarbonização seja considerado, para que elas também possam se beneficiar dos créditos de carbono. O mercado deve pagar prêmios por produtos mais verdes e sustentáveis”, conclui o executivo.
Imagem em destaque: Uso de gás natural na refinaria reduzirá 700 mil t de emissões de carbono (Hydro/Divulgação)
PRIORIDADES DA DESCARBONIZAÇÃO