A ArcelorMittal está comprometida em liderar a descarbonização na indústria do aço. Globalmente, o grupo foi pioneiro no setor ao lançar a meta de ser carbono neutro até 2050 e, como passo intermediário, reduzir em 25% suas emissões específicas até 2030. “Estamos maximizando a adoção de tecnologias de baixo carbono para uso num futuro próximo. Nossos Centros de Pesquisa & Desenvolvimento já investiram cerca de 300 milhões de euros no desenvolvimento de tecnologias de carbono neutro e outros US$ 10 bilhões serão investidos até 2030”, diz Guilherme Abreu, gerente geral de Sustentabilidade da ArcelorMittal Brasil.
A prioridade é a descarbonização dos processos industriais, no curto e médio prazo – até 2030 – com a maximização de tecnologias já existentes. No longo prazo – até 2050 –, com tecnologias de ruptura que venham a ser consolidadas. No Brasil, entre as iniciativas que serão desenvolvidas e implementadas estão o aumento do uso de sucata como matéria-prima, a utilização de gás natural e a otimização do uso do carvão vegetal, além da melhoria da eficiência energética dos processos.
Várias frentes
Em âmbito global estão sendo estudadas alternativas tecnológicas de emprego dos gases de processo que contêm CO₂, na produção de etanol para consumo e uso na indústria química, por exemplo, e outras técnicas de captura de carbono. Na produção de aço, o destaque é a rota de redução Direta (DRI) com fornos elétricos usando hidrogênio verde, que está em implantação em usinas da ArcelorMittal na Europa. Também está em desenvolvimento um processo de uso de resíduos de madeira para produção de biocombustível (Torero), similar ao processo de produção de carvão vegetal já utilizado no Brasil.
O grupo também criou o XCarb™, que fornece opções de redução das emissões de escopo 3 dos clientes da marca, com a descarbonização de produtos específicos. Uma dessas opções é o XCarb™ Certificados verdes para aço, que concentra a redução de CO2 em uma quantidade específica de produto, contribuindo para os clientes reduzirem o footprint de carbono. Outra é o XCarb™ Aço produzido de forma reciclada e renovável, com produção em fornos elétricos usando 100% de energia elétrica renovável. A terceira é o XCarb™ Financiamento em inovação, destinado a empresas parceiras para desenvolvimento de tecnologias disruptivas de fabricação de aço com zero emissão de CO₂.
Na área de gestão ambiental, segundo Abreu, a empresa já se tornou uma referência por seus altos índices de geração própria de energia, recirculação de água, aproveitamento de coprodutos e reciclagem. “Também estamos implementando normas ESG (Ambientais, Sociais e de Governança) com altos padrões de sustentabilidade para a produção de aço (ResponsibleSteel) e minério (IRMA – Initiative for Responsible Mining Assurance)”, explica o gerente geral. No caso do ResponsibleSteel, já foram certificadas as unidades industriais de Tubarão (ES), Monlevade (MG) e Vega (SC) e a meta é certificar todas as plantas no Brasil até o final de 2024. Em Tubarão, por exemplo, foi inaugurada, em 2021, a maior planta de dessalinização de água do mar do Brasil, um investimento de R$ 50 milhões, com capacidade inicial para dessalinizar 500 m³/h de água, ampliando a segurança hídrica da empresa e do próprio estado.
Desafios e diretrizes
Os desafios da descarbonização são enormes, segundo o gerente geral, a maior parte deles ligada ao desenvolvimento de novas tecnologias e à adequação das plantas industriais para uma produção limpa. “Os maiores obstáculos estão na incipiente política de financiamento de tecnologias disruptivas com baixa pegada de carbono, na competição com produtos importados com alta pegada de carbono e nos custos de produção inerentes a uma virada tecnológica para uma economia de baixo carbono, sem desequilíbrio competitivo”, justifica Abreu.
Tanto na mineração quanto na indústria, o uso de gás natural e de fontes de energia renováveis, como a solar e a eólica, em substituição aos combustíveis fósseis, são importantes para a descarbonização das operações. Uma alternativa, ainda, é o hidrogênio verde. Hoje, no entanto, há complicadores na disseminação de seu emprego, como um custo economicamente viável e, no caso do hidrogênio, também a capacidade de oferta. Por isso, acredita Abreu, o acesso a linhas de financiamento para maturação e massificação das tecnologias de ruptura ocupam um espaço de destaque na redução ou neutralidade do carbono. Uma solução mais imediata adotada pela ArcelorMittal foi a joint-venture com a concessionária Casa dos Ventos, que passará a fornecer 100% de energia renovável de fonte eólica para suas unidades consumidoras de energia elétrica, visando reduzir as emissões de escopo 2 das operações.
Com base na experiência da ArcelorMittal na Europa, como participante do EU Emissions Trading System (EU ETS), Abreu destaca algumas diretrizes fundamentais para que o governo brasileiro tenha sucesso em um programa de descarbonização. Duas delas, já citadas por ele, são o acesso a linhas de financiamento nacionais ou transnacionais de origem pública ou privada e a fontes de energia renovável (energia elétrica limpa, hidrogênio verde ou biomassa), de forma adequada em termos de capacidade de oferta, confiabilidade e custo. Além dessas, a criação de incentivos para o consumo de aço de baixa emissões de CO2; de um cenário justo e competitivo, com condições equitativas de mercado; e de mecanismos de transição para uma economia circular e de baixo carbono.
Imagem em destaque: Planta de dessalinização de água do mar da ArcelorMittal Tubarão (Foto: Gabriel Lordello/Mosaico Imagem)
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