RISCOS CRÍTICOS NO SUBSOLO

RISCOS CRÍTICOS NO SUBSOLO

Com níveis de risco mais elevados que os da mineração de superfície ou a céu aberto, a mineração subterrânea exige o controle rigoroso das atividades já reconhecidas como as responsáveis pela maior incidência de acidentes graves e fatalidades nas operações. Na AngloGold Ashanti, maior produtora de ouro do Brasil, medidas de segurança, treinamentos especializados e o monitoramento contínuo das condições de trabalho e ações funcionais, combinados ao incremento de novas tecnologias, têm resultado na reversão das taxas de acidentes nas unidades.

Othon Maia, VP de Sustentabilidade e Assuntos Corporativos da AngloGold Ashanti (Foto: Raul Júnior)
Othon Maia, VP de Sustentabilidade e Assuntos Corporativos  (Foto: Raul Júnior)

“A taxa de frequência de acidentes tem registrado queda ano a ano e, em 2022, diminuiu consideravelmente em comparação aos últimos anos. No comparativo com 2020, a taxa de 2022 registrou uma redução de 40,6%. Em relação a 2021, o indicador foi 36,7% menor. Além disso, não tivemos nenhum acidente fatal em 2022”, explica Othon Maia, vice-presidente de Sustentabilidade e Assuntos Corporativos da AngloGold Ashanti.

Calculado com base na frequência de acidentes por milhão de horas/homem trabalhadas, a mineradora obteve taxa de frequência de acidentes com afastamento (LTI – Lost Time Incident) de 1,59 e sem afastamento (MTC – Medical Treatment Case) de 1,08. No conjunto de suas operações no Brasil (LTI+MTC), a métrica foi de 2,66, contra 4,25, em 2021, e 4,48, em 2020. Em 2021, ainda, foi registrado um acidente fatal em Serra Grande.

A mineradora possui operações subterrâneas nos estados de Minas Gerais (MG) – Córrego do Sítio (Minas I e II), em Santa Bárbara, com suspensão temporária da produção desde o final de agosto passado, e Cuiabá-Lamego (Minas Cuiabá e Lamego), em Sabará e Caeté – e de Goiás – Serra Grande (Minas III, Nova e Palmeiras), em Crixás.

Operação remota de perfuração e desmonte
Operação remota de perfuração e desmonte

Ações e tecnologias

Segundo Maia, os quatro principais riscos identificados nas minas subterrâneas da AngloGold Ashanti são os de incêndio; FOG (Fall of Ground), colapso ou desmoronamento repentino e inesperado de rochas no interior da mina, túneis ou escavações subterrâneas; falhas em instalações elétricas e no isolamento de energia; e interações homem-máquina, principalmente equipamentos móveis. No geral, diz o executivo, funcionários envolvidos nessas ocorrências podem sofrer lesões em seus membros superiores e face.  

No decorrer dos últimos anos, a mineradora tem adotado estratégias focadas nesses riscos críticos, muitas delas implicando na integração de tecnologias de ponta ao seu processo produtivo e à sua gestão de segurança. No caso do FOG, túneis e galerias das minas passaram a contar com contenções em concreto projetado e outras soluções de suporte mecânico, como tirantes e malhas, que visam garantir a manutenção da estabilidade do maciço rochoso.

Na rede elétrica foram instalados Diferenciais Residuais (DR’s), interruptores que desligam automaticamente a corrente elétrica quando identificada alguma fuga de corrente ou vazamento de energia dos condutores. O dispositivo desarma o disjuntor onde ocorreu a falha, prevenindo eventuais choques elétricos. Por sua vez, os equipamentos móveis que atuam nas frentes de trabalho subterrâneas são operados remotamente, a partir da superfície das minas, e estão equipados com o sistema automático de supressão de incêndios Ansul. Projetado para uso em equipamentos off road de construção e mineração, inclusive em minas subterrâneas, o aparelho detecta a ocorrência do incêndio e automaticamente lança um agente químico seco sobre a área em seu redor, eliminando rapidamente as chamas.

Sistema People Tracking da Mina Cuiabá, para rastreio de pessoas e máquinas
Sistema People Tracking da Mina Cuiabá, para rastreio de pessoas e máquinas

Outra tecnologia empregada é o sistema People Tracking, adotado na Mina Cuiabá, que se conecta a mais de 400 pontos WiFi instalados no subsolo da unidade, para localizar pessoas e equipamentos em tempo real. A mineradora também passou a aplicar o processo CCV (Critical Control Verification), que consiste de inspeções por equipes de campo para verificar se os controles de riscos críticos estão em conformidade com as premissas definidas pela área de segurança da empresa. No treinamento de lideranças é usada a metodologia ABC – Antecedent-Behavior-Consequence (Antecedente-Comportamento-Consequência) -, de análise comportamental, visando identificar comportamentos inadequados em relação à segurança e propor mudanças para sua correção.

Maia ressalta que a AngloGold Ashanti foi a primeira mineradora no Brasil a utilizar o sistema People Tracking e que a instalação da rede WiFi no subsolo da mina Cuiabá possibilitou operações remotas de perfuração e desmonte de rocha, suprimindo a necessidade de mão de obra no local. “Por outro lado, esse incremento em novas tecnologias exige que a empresa evolua na capacitação de sua equipe operacional e também nas ferramentas e controles de segurança”, considera o executivo.

Para ele, o melhor modelo de gestão de segurança em operações de minas subterrâneas é o que combina a aplicação de padrões na rotina de trabalho com a gestão de pessoas e o incremento de novas tecnologias. “Precisamos, em especial, de um controle intenso dos grandes sistemas de energia, com ações e acompanhamento dos comitês de emergência e riscos críticos, além de monitorar diariamente os indicadores proativos e reativos e reforçar os trabalhos preventivos de inspeção com empresas parceiras. Também é importante continuar realizando campanhas, blitzes, simulados e treinamentos especializados, como os de capacitação de lideranças com foco em mudança de comportamento”, conclui Maia.

Foto em destaque: Projeto de telamento mecanizado de maciço rochoso (Daniel Mansur)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.