O cuidado com a água é destaque em uma das linhas de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), em parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV), instituição de referência em ensino e pesquisa na temática ambiental associada à produção no campo.
As duas instituições conduzem o Programa de Estudos Hidrológicos em áreas de mineração na região da Zona da Mata Mineira. As pesquisas envolvem o monitoramento de nascentes locais, a fim de avaliar a influência da atividade minerária na qualidade e quantidade de água disponível e no escoamento da água sobre o solo.
Os resultados indicam que a CBA desenvolve uma mineração que contribui positivamente para os processos hidrológicos da região, conforme foi avaliado no escoamento da água sobre o solo, antes e depois da mineração. Já no seu oitavo ano de monitoramento, as pesquisas científicas seguem indicando uma redução significativa do escoamento superficial da água de chuva, favorecendo de forma relevante a sua infiltração no solo.
A infiltração é um processo de entrada de água na camada superficial do solo, movendo-se através dos poros presentes no terreno. Ao longo do tempo, o uso do solo para a produção agropecuária gera uma compactação desses poros, reduzindo essa movimentação e, por consequência, diminuindo a infiltração e aumentando o escoamento superficial da água.
De acordo com os resultados, a média de capacidade de infiltração é de 309 mm/h em áreas reabilitadas pós-mineração e de 148 mm/h em áreas não mineradas. Com relação à repelência em áreas reabilitadas, a média foi de 1,5%, enquanto em áreas não mineradas a repelência média foi de 6,2%. Os dados mostram que há um ganho de infiltração de água no solo e redução de repelência nas áreas reabilitadas pós-mineração.
A repelência à água é o fenômeno em que os solos resistem ao umedecimento. Em síntese, a mineração, em função de seus processos de aeração do solo e adubação verde e orgânica, vem contribuindo com o aumento da capacidade de umedecimento do solo em mais de 400%.
Na condução dos estudos de monitoramento das nascentes, foram selecionados dez mananciais para monitoramento, localizados nas cidades de Miraí, Muriaé, Rosário da Limeira e São Sebastião da Vargem Alegre. O intuito é fazer um acompanhamento das bacias hidrográficas de cabeceira que contenham jazidas de bauxita em sua área de drenagem, traçando um comparativo entre os períodos antes e após a mineração de bauxita.
A iniciativa conta com a parceria de produtores rurais, proprietários das áreas de estudo. Até o momento, os resultados iniciais mostram que, em média, a vazão mínima de sete nascentes no período de seca foi de 0,3 litros/segundo, enquanto a vazão máxima foi de 8,5 litros/segundo. Os estudos e os monitoramentos estão sendo feitos há quase três anos em áreas com bauxita, porém sem a atividade minerária, e continuarão sendo realizados passando pelas fases de mineração e reabilitação ambiental.
O professor do Departamento de Engenharia Florestal da UFV, Herly Carlos Teixeira Dias, ressalta os benefícios dos estudos de nascentes para a região. “Importante reforçar que os primeiros resultados já indicam que existe uma grande variação da vazão ao longo do ano, de acordo com o uso do solo atual, sem o processo de mineração. Porém, como já verificamos que com a mineração o solo fica mais poroso, há uma clara sinalização de que as vazões nas mesmas nascentes, pós-mineração, sejam mais regulares, o que torna as nascentes mais produtivas. Ou seja, a atividade favorece a recarga de água no solo dos mananciais”.
“Cada ação do programa é acompanhada atentamente pelos proprietários, pesquisadores da UFV e técnicos da CBA. As análises contribuem para o entendimento sobre a dinâmica da água e sua relação com os processos minerários e de reabilitação, fomentando e direcionando futuras ações da Companhia e da Universidade na área de sustentabilidade”.
A partir das observações, CBA e UFV levam aos proprietários rurais as informações sobre os cuidados com a produção agrícola, a importância da preservação das nascentes e os benefícios do processo de reabilitação ambiental das áreas mineradas. “Os resultados reforçam que a atividade minerária é feita de forma responsável e sustentável. Trabalhamos em conjunto com a UFV, deixando um legado positivo para as comunidades onde atuamos e também para a ciência, com publicações abertas que vêm servindo como referência para o setor mineral e ambiental”, destaca o gerente das Unidades da CBA na Zona da Mata Mineira, Christian Fonseca de Andrade.
Parceria histórica
Desde 2008, a CBA desenvolve melhorias em seu modelo de reabilitação ambiental, que tem contribuído para estabelecer uma nova relação entre a mineração, os produtores rurais e o meio ambiente. Os estudos e o desenvolvimento de tecnologias vêm sendo realizadas por meio de um trabalho continuado de 15 anos em parceria com a UFV, na qual são desenvolvidas três linhas de pesquisa: Reabilitação Ambiental (Solos), Restauração Florestal (Florestas) e Conservação Hídrica (Hidrologia Florestal).