A indústria da mineração do Brasil tem pela frente a missão de melhorar seu desempenho em 2023. Isso porque o setor deverá fechar 2022 com um resultado financeiro inferior ao de 2021. Com base em dados do 3º trimestre de 2022, vemos que, embora a produção tenha crescido em toneladas, o faturamento sofreu um baque na casa dos 30%, em relação ao 3º trimestre de 2021. A boa notícia é que, na comparação com o 2º trimestre de 2022, já se vê recuperação, com elevação de 33%, o que representa um alívio para o setor.
Carro-chefe da produção e da exportação mineral, a variação no preço do minério de ferro influencia o resultado de 2022, por sua vez influenciado pelo comportamento dos importadores. Em 2022, convivemos com fatores como a redução da produção e da demanda de aço na China; restrições à produção industrial naquele país, em razão da covid-19 e fenômenos climáticos; e as consequências do conflito na Ucrânia, que provocam reduções na oferta de minério e crise de energia, reduzindo a produção de aço na Europa.
Em 2023, o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) projeta que o ambiente de negócios deverá manter os patamares de 2022, ou seja, com resultados mais modestos que os de 2021, já que a China ainda desacelera sua economia e há fatores geopolíticos indefinidos. O ambiente político no Brasil em 2023 ainda é uma incógnita, porém, o setor mineral, por sua importância socioeconômica, seguirá tendo o apoio necessário para sua expansão.
A perspectiva é que o setor continue realizando investimentos, nos mesmos níveis dos últimos anos. Entre os segmentos que tendem a vivenciar um cenário mais positivo estão os agregados para a construção civil; os bens minerais para a produção de fertilizantes; o minério de ferro; e os minerais estratégicos para energia limpa. Nota-se que o cenário internacional, principalmente relacionado ao apetite da China para os minerais metálicos, mais uma vez deverá ditar o desempenho.
No entanto, a mineração do Brasil é muito mais que números. Todos desse setor temos que nos preocupar em como vamos evoluir a sustentabilidade de um modo amplo em 2023 e como faremos a sociedade perceber esse movimento positivo. Para o IBRAM, 2023 será marcado pelos avanços do setor no amplo processo de transformação, direcionado a buscar a excelência em ESG. É essa a grande pauta da mineração: estabelecer seu posicionamento como agente efetivo de mudanças benéficas aos cidadãos, demonstrar às pessoas como está agindo e conquistar o reconhecimento pelos esforços empreendidos.
Já estamos influenciando positivamente o cumprimento dos ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Fornecemos os insumos minerais fundamentais para a inovação tecnológica, um dos passos incontornáveis para desenvolver equipamentos e estratégias voltadas ao cumprimento das agendas globais, como as relacionadas à transição energética, à descarbonização da economia, à promoção da economia circular, ao uso racional de recursos naturais e de energia, à preservação, conservação e recuperação de imensas áreas de relevância ambiental, entre outras, sem mencionar que praticamente todas se relacionam com a mitigação dos riscos climáticos.
Essas são qualidades e contribuições da indústria da mineração que devem ficar em evidência perante o público, em relação à frieza dos números financeiros, que ainda se sobressaem quando se fala da realidade e das perspectivas do setor. Temos que agir para que as pessoas, em geral, conheçam, se familiarizem com a verdadeira face da mineração e reconheçam nela uma parceira de primeira hora para o desenvolvimento socioambiental e econômico e que deve figurar em todo planejamento de políticas públicas direcionadas a esse caminho.
Não se trata apenas de uma mudança de discurso corporativo ou institucional, mas sim, de um esforço coletivo para atrair a atenção da opinião pública e dos que tomam decisões sobre o futuro para o real papel da indústria da mineração do Brasil. E 2023 será um ano muito importante para almejarmos esta conquista.