De forma geral, 2022 avança para seu término com conquistas sob certos aspectos e estagnação ou retrocesso em temas importantes para o setor mineral. O próximo ano ainda é de incertezas, diante da política do governo federal recém-eleito para o setor, e de fatores de forte impacto no comércio global de commodities, como a retomada do crescimento da China e os rumos das economias europeia, comprometida pela guerra da Rússia na Ucrânia, ainda sem solução à vista, e norte-americana, sob risco de recessão devido à maior inflação no país em 41 anos, sem contenção, até agora, pela alta das taxas de juros.
É nesse contexto que a revista In the Mine publica este especial de Balanço de 2022 e Perspectivas para 2023, como usualmente faz em suas edições de final de ano. Dele constam as opiniões de representantes do Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM), órgão federal, e de entidades do setor como a ADIMB (Agência para o Desenvolvimento e Inovação do Setor Mineral Brasileiro), a ABPM (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Mineral e Mineração) e o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM). Entre as instituições relevantes nesse rol faltou somente a Agência Nacional de Mineração – ANM, devido à fase de passagem do cargo de diretor geral para o novo titular, Mauro Henrique Moreira Sousa, empossado em 5 de dezembro passado. A participação da CBPM – Companhia Baiana de Pesquisa Mineral se dá no especial sobre o cinquentenário da empresa, nesta mesma edição.
Do lado das mineradoras, temos artigos da AMG Brasil, EroBrasil, Mosaic Fertilizantes, Samarco, Nexa e Mineração Serra Verde. Todas confirmam dados de produção e vendas em patamares positivos, superando os efeitos de um início de ano ainda submetido às restrições impostas pela pandemia de Covid-19 no Brasil e, com maior extensão na China, onde os sucessivos lockdowns paralisaram os investimentos públicos e retraíram a importação de commodities.
Essa demanda, assim como as cotações dos produtos, também passou a ser influenciada, a partir de fevereiro, pelo conflito no leste europeu. Na visão dessas empresas, 2023 tende a ser um ano de avanços de projetos de implantação, expansão e otimização de suas instalações, com destaque para a conclusão de sistemas de filtragem e disposição a seco de rejeitos e medidas de descarbonização de suas frotas de carregamento e transporte e processos operacionais, neste caso, com extensão à cadeia de fornecedores.
Instituições e mineradoras concordam quanto à prioridade dos temas de governança ambiental, social e corporativa (ESG) para consolidar a sustentabilidade do setor, internamente e diante da sociedade civil. A inovação tecnológica, produção de minerais estratégicos para a transição energética, investimentos em exploração mineral para aumento da vida útil das minas e descoberta de novos depósitos, reciclagem e economia circular são os tópicos de maior recorrência nas exposições, tornando convergente o posicionamento do setor.
No geral, ainda, há uma percepção favorável de que o novo governo prime por um ambiente de segurança jurídica no país, fundamental à atração de novos investimentos para todas as áreas de negócio, em especial, a mineração, extremamente dependente do capital de risco em suas etapas iniciais.