Localizado a cerca de 4 km ao sul da Vila de São Jorge e a 28 km da cidade de Alto Paraíso de Goiás (GO), com extensão de 400 metros ao longo do leito e na margem imediata do curso do Ribeirão São Miguel, o Vale da Lua é um sítio estratigráfico, sedimentar e geomorfológico que recebeu essa denominação devido às reentrâncias, caldeirões e superfícies lisas que lembram parcialmente a superfície lunar.
A formação foi estudada e descrita pelos geólogos José Eloi Guimarães Campos, Cimara Francisca Monteiro e Marcel Auguste Dardenne, do Instituto de Geociências da Universidade de Brasília (UnB), em texto preparado para a Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos (SIGEP). Segundo os pesquisadores, o Vale da Lua é constituído por exposições bem preservadas da unidade basal do Grupo Paranoá – o Paraconglomerado São Miguel, uma camada guia do Proterozóico da Faixa Brasília que, por apresentar um padrão de erosão característico em função da dissolução do carbonato, resulta em uma paisagem particular de rara beleza natural.
No trecho em que acompanha o curso do ribeirão, a rocha apresenta-se fresca e pouco alterada, de coloração cinza, com clastos de quartzitos brancos a ocres e clastos metassiltosos esverdeados, alguns deles de coloração marrom. Esses clastos têm dimensões que variam de milímetros a mais de 50 centímetros, havendo blocos com eixo maior da ordem de 1 metro. Além dos fragmentos de quartzitos e metassiltitos, ocorrem ainda, em menor concentração, pequenos fragmentos arredondados de rocha carbonática.
A matriz que constitui as rochas do Vale da Lua é arenosa carbonática fina de coloração arroxeada e cinza esverdeada, com ocorrências de quantidades de material carbonático de origem diagenética em elevadas proporções. As porções expostas ao intemperismo mostram manchas de oxidação e, quando em afloramentos, fora do leito do ribeirão São Miguel, a rocha apresenta um aspecto escuro de cinza a preto.
Uma das principais atrações turísticas do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, o Vale da Lua já foi alvo de garimpo ilegal para extração de quartzo. Em 2015, o médico Adílio Augusto Valadão de Miranda convenceu os garimpeiros da falta de perspectivas de longo prazo para sua atividade. Esses garimpeiros formaram a atual Vila de São Jorge e passaram a se dedicar ao potencial turístico da região.