Sabe-se hoje que os compromissos firmados por 175 países – Brasil entre eles, à época – no Acordo de Paris, em 2015, são insuficientes para manter o aquecimento global na marca de 1,5°C, em relação aos níveis pré-industriais do planeta. Para atingir essa meta, segundo o IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), as emissões líquidas de dióxido de carbono (CO2) deveriam ser zeradas até 2050, com redução significativa, em paralelo, das emissões de outros gases, em especial de metano (CH4).
Para intensificar a redução dessas emissões – em pelo menos 55% até 2030 -, novas metas foram apresentadas por 150 países no Pacto de Glasglow, que oficializou o encerramento da COP 26 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima), em novembro de 2021. Claro que o Brasil passou por novo vexame internacional ao se permitir o aumento de suas emissões em cerca de 400 Mt até 2030, por basear suas metas em dados desatualizados – 2,1 Gt de dióxido de carbono equivalente (CO2e), quando o 3º Inventário Nacional de Emissões já havia apontado a emissão de 2,8 GtCO2e no país nos distantes idos de 2010.
Feita a ressalva incômoda, mas necessária, o cumprimento das metas climáticas implica na adoção de medidas de descarbonização já sabidas de cor e salteado pela humanidade pensante. E é aí que a tecnologia pode nos fazer, mais uma vez, vislumbrar algum futuro sustentável. Artigo de pesquisadores da consultoria Mckinsey sustentam que a computação quântica pode transformar a economia da descarbonização e tornar viável a meta de manter o aquecimento global em torno de 1,5°C. Os autores projetam que o uso de recursos quânticos ajudaria a desenvolver tecnologias climáticas capazes de reduzir cerca de 7 GtCO2 até 2035.
A velocidade e precisão do processamento de dados por computadores quânticos poderá solucionar problemas persistentes da sustentabilidade atual, como conter o metano gerado na agropecuária; zerar as emissões na produção de cimento; aumentar a eficiência de baterias para veículos elétricos; reduzir os custos do hidrogênio, tornando-o uma alternativa viável aos combustíveis fósseis; possibilitar o uso da amônia verde como combustível e fertilizante; e aumentar a captura de carbono de fontes pontuais e diretas, entre outras maravilhas.
Espera-se que um computador quântico livre ou de baixa tolerância a falhas esteja disponível já na segunda metade desta década. Ou, ao menos, em uma versão híbrida com o computador tradicional que usamos hoje. Não dá para cravar exatamente quando ainda. Mas que esse tempo virá, virá.
Saudações futuristas,
Tébis Oliveira
Editora Executiva