Por Flávio Ottoni Penido*
Uma das mais antigas atividades econômicas, a mineração alcançou importância máxima neste início de século 21 marcado, de um lado, pela mais aguda crise econômica da história, agravada pela pandemia do Covid-19, e, de outro, pela explosão do consumo em grandes mercados mundiais, em especial, do minério de ferro, o líder em produção e em exportação.
Mais recentemente, depois de período bastante favorável ao setor, assistimos a uma queda nas cotações do minério de ferro. Mas seguimos confiantes que a indústria da mineração será expoente na recuperação econômica, após a fase mais sensível da pandemia. O setor tem conseguido evitar abalos na produção e nas exportações e a expectativa é atingir uma capacidade de produção anual de cerca de 450 milhões de toneladas de minério de ferro nos próximos anos, frente aos atuais 410 milhões.
Produzir e exportar minérios é ação estratégica para o país fomentar seu desenvolvimento socioeconômico. Exportar commodities minerais é uma vocação do Brasil, justamente em razão da quantidade e da qualidade de minerais em nosso território, o que é uma dádiva para o país. O minério de ferro, sozinho, contribui com mais de 50% do saldo da balança comercial brasileira em 2021.
O desempenho da indústria mineral em 2021 e nos anos anteriores é importantíssimo para o próprio desempenho econômico do país. O Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), assim como reconhece o crucial papel do minério de ferro tanto para o setor mineral quanto para o país, defende a expansão da produção de minérios no Brasil e também a diversificação dessa produção, para que nossa pauta de exportações conte com maior oferta.
A visão do IBRAM, que compartilhamos com a sociedade, é que o Brasil vive um cenário de tranquilidade quanto ao futuro em termos de exportação de commodities minerais. Algumas das razões é que toda a mineração industrial exercida aqui ocupa apenas 0,6% do território nacional. E temos absoluta carência de áreas adequadamente pesquisadas para identificar jazidas. Apenas 3% do território nacional encontrava-se mapeado até 2019, na escala 1:50.000, o que proporciona um nível de detalhamento adequado. Há um enorme potencial a ser transformado em produção mineral, portanto.
Aumentar a oferta e a diversidade de minérios também significa estabelecer bases para viabilizar a eventual implantação de parques industriais no país. Ou seja, outras empresas que passam a formar novas cadeias produtivas como indústrias, fornecedores de diversos itens, rede de vendas e de logística, que passam a ter seus negócios atrelados à nova oferta de minérios no país.
Historicamente, temos visto que o mundo em geral está aumentando o consumo de minérios e esta é a melhor notícia para um país minerador por natureza, como é o Brasil.
Em termos de perspectivas de longo prazo, temos um horizonte repleto de oportunidades para a mineração. Além de produzir e exportar minérios essenciais para todas as atividades produtivas, como minério de ferro, ouro e cobre, entre outros, agora abre-se para a mineração brasileira a oportunidade ímpar de ser expoente no fornecimento dos minerais críticos para as principais demandas globais de descarbonização, de promoção da economia verde.
São perspectivas excepcionais para o Brasil gerar divisas, novos negócios em extensas cadeias produtivas, empregos, renda e tributos por meio da mineração sustentável e, importante, aderente às boas práticas de ESG internacionais.
E, por falar em ESG, esse desenvolvimento do setor mineral nos próximos anos deverá estar calcado na agenda ESG da Mineração do Brasil. Trata-se de um conjunto de compromissos e metas que a indústria mineral, reunida e articulada pelo IBRAM, pretende seguir e reportar à sociedade global, como demonstração inequívoca de sua seriedade em oferecer respostas concretas às demandas para se tornar ainda mais sustentável, segura, responsável e ética com todos à sua volta e em tudo o que faz.