PESQUISA: IDADE DE FORMAÇÃO GEOLÓGICA NO AMAZONAS

PESQUISA: IDADE DE FORMAÇÃO GEOLÓGICA NO AMAZONAS

Os pesquisadores Matheus Silva Simões e Raul Eigenheer Meloni, que trabalham para o Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM), e João Orestes Schneider Santos, ex-funcionário da empresa, foram premiados no 50º Congresso Brasileiro de Geologia. O estudo “Idades de proveniência de zircões detríticos na Formação Igarapé Ipixuna: uma idade máxima jurássica para o topo da bacia do Alto Tapajós” foi o melhor trabalho da temática Bacias da Margem Continental Brasileira e as Contemporâneas no Continente na modalidade Pôster, que nesta edição do Congresso correspondeu a uma apresentação em vídeo de 15 minutos.

O objetivo da pesquisa foi descrever e determinar a idade de uma unidade geológica muito relevante da Bacia sedimentar do Alto Tapajós, a Formação Igarapé Ipixuna, no município de Apuí (AM), até hoje reconhecida como a unidade mais jovem da bacia onde está inserida.

Os pesquisadores descobriram que a Bacia do Alto Tapajós, assim como as bacias do Solimões, Amazonas, e muitas outras bacias de interior cratônico do Brasil, possui uma seção de idade pós-Jurássica, provavelmente do Cretáceo.

A formação estudada, no sudeste do Amazonas, é correlata com rochas sedimentares costeiras e marinhas, ricas em icnofósseis, reconhecidas na seção cretácea da Bacia do Amazonas (parte da Formação Alter do Chão), próximo à Manaus.

Bacias sedimentares registram a evolução da superfície da Terra

Para determinar a idade da unidade geológica, os geólogos coletaram amostras de grãos de minerais e os analisaram para definir quando essas rochas se depositaram, em um ambiente que identificaram como uma praia, ou a porção rasa do mar. “Apesar da presença de óleo ou gás nesta bacia não ser comprovada, o nosso estudo mostra que evolução da Bacia do Alto Tapajós é parecida com a de bacias ricas nestes bens minerais, como as bacias do Solimões e Amazonas, que ficam a poucas centenas de quilômetros da área de estudo. Isso nos ajuda a compreender a evolução geológica da região como um todo”, afirma Matheus Simões.

“As bacias sedimentares registram a evolução da superfície da Terra no passado, além de poderem conter diversos tipos de bens minerais”, explica o geólogo Raul Meloni. Durante a pesquisa, ele e os colegas confeccionaram um mapa geológico da região, além de fazerem o reconhecimento estratigráfico, petrográfico e paleontológico da Formação Igarapé Ipixuna e a datação de zircões detríticos para obter a idade deposicional destas rochas.

Ramificações vermiformes
Ramificações vermiformes na base dos estratos demostrando a presença de icnofósseis

Segundo os geólogos, a Bacia do Alto Tapajós é pouco conhecida e estudada em comparação com outras bacias do Brasil devido à ausência de indícios de ocorrência de óleo e gás. Na região de estudo, a pesquisa para depósitos de fosfato na bacia se aproxima de um momento intenso e pode resultar na sua exploração, tornando o sudeste do Amazonas em um polo de exportação deste insumo.

Projeto Áreas de Relevante Interesse Mineral (ARIM)

O projeto Áreas de Relevante Interesse Mineral (ARIM): Sudeste do Amazonas, ao qual a pesquisa está relacionada, publicou 6 folhas na escala 1:100.000 na região, um mapa geológico integrado na escala 1:500.000, um mapa de favorabilidade para ouro, e vai publicar um informe de recursos minerais para a área do projeto. Além disso, os membros do projeto publicaram diversos trabalhos em anais de eventos científicos e em revistas internacionais, revisadas por pares, e reconhecidas pela comunidade científica.

O SBG-CPRM detém a maior quantidade de dados e compilações sobre a área, e é responsável pela divulgação científica de qualidade sobre o tema. O estudo premiado configura uma contribuição para o Léxico Estratigráfico do Brasil e para o GeoSGB, banco de dados do Serviço Geológico do Brasil. Recentemente, o SGB-CPRM lançou um site com dados de 23 bacias sedimentares brasileiras, em parceria com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Foto em destaque: Geólogos analisam afloramento de quartzo-arenitos no Igarapé dos Pombos, próximo da ponte da vicinal Kennedy

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.