EVOLUÇÃO DA GEOLOGIA NAS SERRAS DEMÊNI E MOCIDADE

EVOLUÇÃO DA GEOLOGIA NAS SERRAS DEMÊNI E MOCIDADE

O Journal of the Geological Survey of Brazil, periódico científico do Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM), publicou artigo que discute a idade de um grupo de rochas situadas em uma região remota da Amazônia, nas serras Demêni e Mocidade, no limite entre os estados do Amazonas e Roraima. O estudo examinou seis amostras de granitos provenientes das serras Mocidade e Demêni. Os resultados possibilitaram o melhor entendimento da geologia da região, permitindo elaborar premissas sobre sua evolução geológica. Você pode acessar o artigo através desse link:https://bit.ly/3uuJM52

O estudo assinala a coexistência de granitóides alcalinos e cálcio-alcalinos gerados em um mesmo ambiente tectônico e aborda três hipóteses: (1) O magmatismo cálcio-alcalino pode estar associado a processos relacionados à subducção; (2) As rochas granitóides foram formadas em um ambiente intracontinental sob condições tectônicas mais estáveis (pós-orogênicas) e, (3) As rochas granitóides foram formadas predominantemente por magmatismo alcalino em estabelecimento intraplaca.

geologo Nelson Reis
Geólogo Nelson Reis, da unidade de Manaus, em afloramento rochoso no rio Pacu, região da serra da Mocidade

De acordo com o pesquisador do SGB-CPRM Nelson Reis, a Amazônia e em particular, Roraima, permanecem sendo um grande palco aos mais variados estudos científicos. Os levantamentos geológicos, os quais a empresa desenvolve desde os anos 70, ainda mantêm restrições de conhecimento em áreas notadamente ínvias, caso específico para a serra da Mocidade, na atualidade, uma região que recobre parte da reserva indígena Ianomâmi, um Parque Nacional (ICMBio) e uma área do Exército.

“A possibilidade de poder coletar amostras de rocha que possibilitem futuros estudos analíticos (químicos, geocronológicos, etc.) e cujos resultados venham contribuir ao conhecimento sobre a evolução da Amazônia Ocidental possibilita o avanço da ciência geológica”, destacou.

Reis ressalta que o estudo abre perspectivas para outras investigações geológicas, ao fomentar a atualização cartográfica, as quais atenderão a muitos outros temas de interesse de órgãos gestores federais, estaduais e municipais, no que se refere ao conhecimento do subsolo e potencialidade mineral.

O geólogo relata que a pesquisa surgiu a partir de convite efetuado pelo Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA), cujas atividades de campo tiveram o apoio e logística fornecidos pelo Exército Brasileiro, no translado por helicóptero do tipo Black Hawk a partir de Caracaraí, no setor sul de Roraima, além da montagem e suporte de acampamento para um grupo grande de biólogos em diversas áreas do conhecimento (fauna e flora).

“A integração multidisciplinar junto a cientistas de variadas áreas do conhecimento e de diferentes instituições foi de fundamental importância, sendo promissora ao compartilhamento de informações que agregadas possibilitem uma melhor gestão de áreas institucionalizadas na Amazônia”, comentou.

 

serra mocidade
Vista do flanco sul da serra Mocidade em região ínvia da Amazônia Ocidental, com franca presença de cobertura florestal e cotas altimétricas próximas a 1000 metros em RNM (relação ao nível do mar).

A etapa de campo teve a duração de 15 dias e contou com a participação de 44 pessoas, incluindo pessoal de filmagem, de apoio (mateiros, cozinheiras) e cientistas, além de um médico.

SAIBA MAIS

A publicação refere-se a um domínio de rochas plutônicas cálcio-alcalinas que registram idades correlacionadas à SLIP Uatumã. As SLIPs (“SilicicLargeIgneousProvince”) são formadas por rochas intrusivas e extrusivas originadas em um ambiente tectônico que não apenas aqueles de dispersão de cadeia oceânica ou subducção (intracratônico, por exemplo).

O estudo reconhece a presença de termos plutônicos e subvulcânicos na mesma suíte, a qual registra assinatura geoquímica semelhante a da Suíte Água Branca do setor sudeste de Roraima.

Foto em destaque no alto da página: Apoio do Exército Brasileiro no transporte dos pesquisadores em helicóptero do tipo Black Hawk, a partir de Caracaraí, sul de Roraima

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