O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) divulgou o trabalho “Mapeamento da espessura crustal do Atlântico Sul Central. Evolução geodinâmica da Elevação do Rio Grande (ERG) e cadeia de Walvis”. Foi desenvolvido pela pesquisadora em geociências Michelle Cunha Graça. O estudo oferece hipóteses inovadoras sobre a origem e evolução da ERG. E o mapa pioneiro da espessura crustal do Atlântico Sul Central. A apresentação foi realizada por videoconferência para cerca de 70 pesquisadores em geociências, no dia 07/05.
O trabalho de pesquisa envolve a análise de dados geofísicos e geológicos de muitas fontes. Dentre as quais, gravimetria, magnetometria, sísmicae geocronologia. Com aplicação de metodologias de ponta como a inversão gravimétrica. A qual incorpora uma correção para a anomalia termal da litosfera oceânica. E que calcula a profundidade da descontinuidade de Mohorovicic. E, consequentemente, fornece a espessura crustal com uma ótima precisão.
Implicações políticas nacionais e internacionais
“A ERG tem implicações políticas nacionais e internacionais. Já que pode modificar os limites da Zona Econômica Exclusiva (ZEE) do Brasil ao ser incorporada na mesma. Também pode ter implicações ainda não conhecidas na indústria de óleo e gás. Em razão da proximidade com as bacias produtoras do pré-sal brasileiras. E já se sabe que tem potencial econômico para recursos minerais com suas crostas cobaltíferas”, explica.
Antes de qualquer atividade na ERG, lembra a geocientista, é preciso entender como a mesma foi formada. Nesse sentido, Michelle ressalta o caráter inovador do mapa de espessura crustal do Atlântico Sul Central. O qual inclui a ERG e outras importantes feições da nossa margem brasileira. E pode elucidar muitas questões acerca da nossa margem, podendo ser utilizado em futuros trabalhos. “Considero inovadora a hipótese desenvolvida sobre os múltiplos saltos de dorsal na origem e evolução da ERG. Já que explica tanto a compartimentalização da nossa margem como a descoberta de material continental na ERG Central”.
A pesquisa insere-se no projeto Prospecção e Exploração de Crostas Ferromanganesíferas ricas em Cobalto na Elevação do Rio Grande (PROERG). Ele é desenvolvido pela Divisão de Geologia Marinha (DIGEOM) do Serviço Geológico do Brasil, em conjunto com a Marinha do Brasil. Inseridos no Programa de Prospecção e Exploração de Recursos Minerais da Área Internacional do Atlântico Sul e Equatorial (PROAREA), considerado estratégico pelo governo brasileiro.
Troca de ideias e conecimento entre pesquisadores
É uma iniciativa da Diretoria de Geologia e Recursos Minerais (DGM). De modo a manter pesquisadores conectados e atualizados sobre os trabalhos em desenvolvimento em diversas unidades da empresa. O que gera uma oportunidade de troca ideias e conhecimento entre os pesquisadores. “Um dos trabalhos mais bem construídos cientificamente da CPRM”, elogiou o pesquisador Iago Sousa Lima Costa. A apresentação também motivou alguns questionamentos. A pesquisadora Luiza Lopes de Araujo quis saber mais sobre o uso do software GPlates.
Enquanto o pesquisador Marcos Nóbrega comentou sobre similaridades entre a evolução da ERG e Islândia. A próxima palestra será aberta ao público externo. E vai abordar o tema Evolução geotectônica e metalogenética da Província Mineral de Carajás. Com o pesquisador, chefe da Divisão de Geologia Econômica da DGM, Felipe Tavares. Será transmitida pelo Canal da CPRM no Youtube, na quinta-feira, dia 14/05, às 14h30.
Acesse o pdf da apresentação no DGM em Pauta: www.cprm.gov.br/imprensa/pdf/DGMemPautamichelle.pdf
Acesse os artigos publicados sobre o estudo: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0264817218305415?via%3Dihub
Acesse a dissertação da pesquisadora Michelle Graça Cunha: www.cprm.gov.br/imprensa/pdf/DissertaçãoMICHELLE.pdf