Há 13 anos na piscicultura, Francisca Gomes da Silva, “Vovó Chiquinha”, da comunidade do Acapuzinho, Oriximiná (PA), teve experiências iniciais frustrantes na criação de peixes. A ausência de mais conhecimento técnico gerou a perda de toneladas de suas criações. Mas ela não desistiu, incentivou seus familiares e, nos últimos três anos, retomou sua produção com o suporte técnico do Projeto de Apoio à Piscicultura. “Nossa criação foi alavancada nos últimos três anos.
Quando começamos, tínhamos só um tanque. Hoje, temos seis tanques, apoio de técnicos e incentivo constante do projeto, que sempre está trazendo novos conhecimentos para gente. Aprendemos bastante e também trocamos nossas experiências de criação com os demais participantes do projeto”, relata “Vovó Chiquinha”.
A produtora de peixes é uma das 20 participantes do Projeto de Apoio à Piscicultura. O projeto integra o o Programa de Educação Socioambiental (PES), desenvolvido pela Mineração Rio do Norte (MRN). Em atendimento a condicionantes estabelecidas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA). A iniciativa envolve comunidades ribeirinhas de Acapuzinho, Tarumã e Bacabal, que trabalham com a criação de tambaquis em tanques flutuantes.
Incentivo ao desenvolvimento de outras atividades
Parte deles também consorcia a piscicultura com outras atividades como o plantio de mandioca. Além da melinopolicultura (criação de abelhas para a produção de mel e derivados), cujos conhecimentos técnicos foram repassados por meio do projeto.
O Projeto de Apoio à Piscicultura tem, entre seus propósitos, incentivar a preservação do meio ambiente. Bem como a geração de renda para as comunidades participantes, segundo Genilda Cunha, analista e coordenadora do Programa de Educação Socioambiental – PES, da MRN, do qual o projeto Piscicultura faz parte. “Os comunitários aprendem desde a fabricação de seu tanque de peixe, perpassando por assuntos como educação ambiental, empreendedorismo e vendas. Associamos conhecimento técnico somado aos seus saberes. De modo que eles desenvolvam, de forma autônoma, um negócio que seja sustentável e que possam gerenciá-lo da melhor forma possível”.
O projeto com nova metodologia e modelo de tanque já vem sendo realizado há mais de três anos. E iniciará o quarto ciclo no próximo mês de março com treinamentos voltados para agregar maior valor ao pescado. Disponibilizando aos piscicultores oficinas de manipulação de alimentos e técnicas de filetagem e defumação do pescado. “Neste ciclo, vamos nos preocupar em agregar valor inovador ao que é produzido para colocar no mercado local um produto diferenciado.
Desta forma, também facilitamos o aumento do consumo do pescado. E, consequentemente, incrementamos mais a renda dos piscicultores”, declara Miguel Canto, Técnico do Laboratório de Aquicultura da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) e assessor técnico do projeto.
Segurança alimentar do piscicultor e da comunidade
Entre os principais resultados do projeto, segundo Canto, cada peixe produzido na piscicultura, é um peixe que não sofre pressão de pesca convencional. Garantindo, assim a segurança alimentar do piscicultor e da comunidade, que passa a ter mais acesso ao pescado. “Antes do projeto, em média, eram produzidos 800 quilos de peixe. Hoje, cada piscicultor produz uma tonelada, em média, chegando a até 1,400 toneladas”.
A produção dos tambaquis em tanques flutuantes é comercializada em Oriximiná, na feira do distrito de Porto Trombetas e nas comunidades. Depois dos próximos treinamentos, segundo Canto, está prevista a criação de uma unidade de defumação de peixes para cada uma das comunidades atendidas. “Vovó Chiquinha” está na expectativa para aprender as técnicas de filetagem e defumação de pescados. “Acho que a técnica que será ensinada vai valorizar nosso peixe. Estou otimista com mais possibilidades de vendas que teremos com os defumados”.
Por meio do projeto já foram realizados mais de 12 treinamentos em práticas diversas. Tais como técnicas de piscicultura, construção de tanque, parâmetros de análise de água para piscicultura, plantio de mandioca e melinopolicultura. As capacitações são trabalhadas conjuntamente às experiências das comunidades na construção e aplicação do conhecimento. “Quando cada um abraça este projeto, a mudança é total tanto na alimentação quanto no viver, no financeiro. É um projeto muito importante. Temos técnicos ensinando, orientando com persistência e incentivando para vencermos neste trabalho”, conclui “Vovó Chiquinha”.