IBRAM, CEOs de Mineradoras e EY debatem os maiores riscos para a mineração. Seminário foi realizado dia 4 de julho no Mining Hub (www.mininghub.com.br). Afonso Sartorio, sócio-líder de Mineração e Metais da EY na América do Sul apresentou seu estudo ‘Top 10 business risks facing mining and metals em 2019-2020’. Toma por base entrevistas com 250 executivos do setor em vários países. https://www.ey.com/en_gl/mining-metals/10-business-risks-facing-mining-and-metals.
No evento, temas considerados riscos, como transformação digital e licença social para operar foram debatidos em dois painéis. Participaram executivos e CEOs do IBRAM, da EY, da Vale, da Nexa Resources, da Gerdau, da Anglo American e da AngloGold Ashanti.
Projeções e maior diálogo social
No seminário, realizado pela EY em parceria com o IBRAM, Afonso Sartorio atualizou o cenário atual do setor. Alguns pontos são os seguintes. A mineração como ‘muito importante’ para o desenvolvimento de projetos de diversas naturezas. A perspectiva é de crescimento da demanda por minerais no curto, médio e longo prazos. Assim como de evolução nos preços dos minérios de uma forma geral. Ainda mais que os investimentos na ampliação da produção não têm acompanhado o ritmo da demanda dos países.
A demanda crescente por minérios vai exigir das mineradoras mais atenção e investimentos. Por minérios com menos impurezas principalmente. Para tanto, deverá haver uso intenso de tecnologia. Por isso, a tecnologia será decisiva para que as companhias sejam mais competitivas em custos.
Presidente do IBRAM defende mais diálogo com sociedade. Flávio Ottoni Penido reconheceu o momento turbulento do setor mineral do país. E a necessidade de se redobrar esforços para tornar a atividade mais segura. Com o fim de reconquistar a confiança da sociedade. E lamentou as iniciativas que defendem a elevação indiscriminada de tributos no setor. Gerando um cenário de maior insegurança jurídica.
Transformação digital na mineração
A transformação digital na mineração foi abordada por três executivos. Gustavo Vieira, CIO da Vale, Gustavo França, CIO da Gerdau e Marco Carrete, Gerente corporativo de Tecnologia em Automação da Nexa Resources. Este painel foi moderado por Augusto Moura, sócio da EY para Indústria 4.0.
Para Marco Carrete, a mineradora que não investir na transformação digital terá dificuldades para captar recursos financeiros em bolsas de valores internacionais. Condição que já é uma exigência de investidores. Para Gustavo França, da Gerdau, a transformação digital deve ser encarada como estratégia para o negócio das companhias.
Gustavo Vieira, da Vale, colocou como um dos desafios atingir escala global nesta fase de transformação digital. De modo a compartilhar soluções mundo afora entre as empresas da corporação. Para tanto, lembrou ele, a Vale investe mundialmente em hubs de inovação, laboratórios digitais. Já França mencionou outro desafio: preparar as pessoas (entre os quais, os colaboradores). Para o novo momento da jornada da companhia, bem como para as mudanças em cada profissão e setores da empresa.
Licença social para operar tem novos requisitos
Painel teve como debatedores Wilfred Bruijn, CEO Brasil da Anglo American, Camilo Farace, CEO da AngloGold Ashanti Brasil, e Rinaldo Mancin, diretor de Assuntos Ambientais do IBRAM.
A licença social para operar saltou sete posições no ranking de temas que representam riscos à mineração global, segundo Araújo, da EY. Com os rompimentos de barragens de rejeitos no Brasil, o cenário para se obter a licença ampliou e mudou. Vozes minoritárias, por exemplo, ganharam mais presença; o acesso e a velocidade da circulação de informações aumentou..
Para Mancin experiências internacionais, como no Chile e no Canadá, podem inspirar soluções para a mineração do Brasil melhorar o nível de relacionamento com a sociedade em geral. Ele acredita que a adoção da autorregulação pelo setor – apoiada pela legislação geral – pode ser um caminho. No Canadá, por exemplo, há um padrão rígido de exigências para ocorrer a operação mineral. O qual pode ser adaptado à realidade brasileira. E, assim, contribuir para melhorar a percepção da sociedade em relação a indústria minerals.
Reflexos do rompimento em Brumadinho
Camilo Farace entende que um dos riscos das empresas é assegurar a manutenção dos projetos minerais em atividade, os quais dependem da licença social. Após o rompimento da barragem a montante em Brumadinho, ele contou que a AngloGold Ashanti identificou que uma comunidade próxima a uma de suas barragens, também construída pelo método a montante, estava temendo por sua segurança.
A companhia, então, agiu com total transparência e clareza. Convidou a comunidade a percorrer a área da barragem, a ouvir explicações e a tirar dúvidas. Constataram que apesar de ser uma barragem a montante.Ela não apresentava as mesmas características da que se rompeu. De modo que o risco era considerado tecnicamente muito baixo.
Segundo Farace, assim como na agricultura há diversos tipos de produtos e cada qual é produzido com características distintas, o mesmo ocorre em relação à mineração e às suas estruturas, como as barragens. Embora haja espaço para a continuidade de barragens a montante, como comprovado no caso da AngloGold Ashanti, este método construtivo foi demonizado após o rompimento em Brumadinho.
Wilfred Bruijn lembrou que os brasileiros têm que ser conscientizados da importância da atividade mineral. Ter acesso a informações com o máximo de transparência sobre os riscos. Ainda mais que é um setor com o qual a população terá que conviver ao longo dos anos. “Nossa mensagem tem que ser aberta, explícita com todos os stakeholders”, afirmou.