O lançamento programado para 2020, pela Volvo Construction Equipment (Volvo CE), de uma linha compacta de máquinas elétricas – carregadeiras de rodas e escavadeiras -, descontinuando a produção desses tipos de equipamentos com motores diesel, é mais um elo na cadeia evolutiva que a fabricante vem construindo há alguns anos. Sua atuação no campo da inovação está centrada no desenvolvimento de três correntes de mudanças tecnológicas: máquinas inteligentes, eletromobilidade e canteiros de obra automatizados. Esse processo já estava em curso em 2013, com pesquisas voltadas à conectividade de equipamentos. Em 2015, a empresa lançou o Co-Pilot, sistema de apoio ao operador em trabalhos de carregamento (Load Assist), escavação (Dig Assist) e compactação e pavimentação (Pave Assist). O novo passo foi dado em 2016, com protótipos de conceito de máquinas autônomas híbridas (movidas a diesel e eletricidade) e totalmente elétricas (a bateria ou por cabo).
Uma frota desses protótipos foi testada durante dez semanas, na pedreira Vikan Kross, da Skanska, usuária da marca, em Gotemburgo, na Suécia, no projeto Electric Site (Canteiro de Obras Elétrico), para mensurar a redução dos níveis de emissão de poluentes e do custo total de operação com seu emprego. Os modelos LX1 (carregadeira de rodas híbrida), HX2 (transportador de carga autônomo elétrico a bateria) e EX1 (escavadeira de 70 t conectada por cabo) apresentaram diminuição de 98% em emissões de carbono, de 70% em custos de energia e de 40% em custos de operadores. A estimativa de redução no custo total da operação foi da ordem de 25%.
“Esses resultados foram ainda melhores que o esperado. Os protótipos de conceito mostrados buscam avaliar seus potenciais benefícios, robustez e confiabilidade e viabilidade econômica. Como eles fazem parte de um projeto de pesquisa, o Electric Site, e não estão disponíveis comercialmente, a redução do custo total das operações ainda é uma previsão e não um valor preciso e garantido”, explica Gilson Capato, diretor comercial da Volvo CE para o Brasil. Os modelos que participaram do Electric Site e um protótipo de conceito de um caminhão articulado A25 autônomo, também em testes, integram o programa Volvo Concept Lab.
Integração
Para que as soluções de automação e conectividade sejam integradas às linhas de equipamentos da Volvo CE são necessários, em linhas gerais, ajustes de hardware e software. “Para poder ‘ler’ o entorno e interagir com os equipamentos ‘pares’ – carregadeiras ou escavadeiras que alimentam uma frota de caminhões off road, por exemplo -, os produtos devem ser equipados com uma série de sensores de diversos tipos e para diversas funcionalidades”, diz Boris Sanchez, gerente de Suporte a Vendas para a América Latina da fabricante.
Na sequência, a leitura das informações pelos sensores é recebida por softwares, que realizam seu processamento e definem ações em função de programações e algoritmos. A etapa final implica em que as decisões tomadas sejam implementadas nos produtos através de atuadores.
“É um desafio grande e complexo para o desenvolvimento. Principalmente porque a solução tecnológica deve ser robusta para fazer a “leitura” correta da situação e tomar as decisões corretas, além de poder lidar com situações imprevistas”, afirma Sanchez. Por isso, somente quando as tecnologias atingem um nível de maturidade e confiabilidade aceitável para os rígidos padrões definidos pela Volvo CE, começará a ser discutida sua disponibilização comercial.
Outro complicador é que cada área em desenvolvimento – automação, eletromobilidade e conectividade – tem suas particularidades e desafios. Assim, a definição dos dados que serão coletados na operação, assim como seu armazenamento, processamento e gerenciamento também são específicos para cada tecnologia.
