A demanda doméstica por produtos químicos de uso industrial, medida pelo consumo aparente nacional (CAN), cresceu 10,9% entre janeiro e maio deste ano, sendo que no mesmo período, as importações cresceram 35,9%, e a produção subiu apenas 3,04%. Esses índices comprovam, mais uma vez, que o grande potencial do mercado interno brasileiro continua beneficiando diretamente mercados estrangeiros, levando emprego e desenvolvimento a outros países.
O destaque vai para as compras de produtos intermediários para fertilizantes, cujas importações cresceram 52,6%, segundo informações preliminares da Associação Brasileira da Indústria Química – Abiquim. Nos últimos 12 meses encerrados em maio, 35,5% de tudo o que o País consumiu em produtos químicos teve origem no mercado internacional. “O aumento nas importações mostra que, dada a facilidade de penetração e atratividade pelo mercado brasileiro, não é possível, no caso da indústria química nacional, competir com alguns países que detêm atualmente vantagens comparativas em termos especialmente de energia elétrica, gás natural e matérias-primas básicas, tão relevantes para o setor”, lamenta a diretora de Economia e Estatística da associação, Fátima Giovanna Coviello Ferreira.
As vendas internas de produtos químicos de uso industrial recuaram 0,69% de janeiro a maio de 2017 sobre iguais meses do ano passado. O clima de instabilidade política e a crise econômica fizeram com que as empresas realizassem paradas programadas de manutenção no início do ano.
Especificamente no mês de maio, as vendas internas e a produção cresceram em comparação ao mês anterior (índice de produção +1,49% e índice de vendas internas +10,12%), mas não foram suficientes para compensar o forte declínio verificado em abril (índice de produção -6,02% e índice de vendas internas -12,53%). Apesar do aumento de produção em maio o volume é inferior ao registrado no mesmo mês no ano anterior com recuo de 0,33%.
O patamar médio dos últimos cinco meses de vendas internas se assemelha àquele verificado no auge da crise de 2008-2009. “Após um primeiro trimestre de resultados positivos, os índices de produção e de vendas internas exibiram desaceleração entre abril e maio, reduzindo as expectativas de crescimento para o ano. É de se destacar que praticamente todos os grupos de produtos apresentam quadro semelhante ao da média geral. Em menor ou maior grau, todas as empresas estão tendo alguma dificuldade para manter as vendas no mercado local no início deste ano”, analisa Fátima Giovanna.
No que se refere à taxa de utilização da capacidade instalada, a média ficou em 78% nos primeiros cinco meses do ano, um ponto abaixo daquela registrada em igual período do ano passado. Porém, nos últimos dois meses, abril-maio, a ocupação das instalações foi mais baixa, de 77%, patamar que comprova a desaceleração da atividade interna. “Os resultados de janeiro a maio poderiam ter sido piores não fosse a base de comparação deprimida do início do ano passado. Os segmentos com melhores desempenho são aqueles que de alguma forma estão relacionados ao agronegócio brasileiro, que vem puxando a atividade econômica nacional. A indústria automobilística e a atividade de exploração e produção de petróleo iniciaram um processo lento de recuperação. Mas não há sinais de retomada das atividades relacionadas à construção civil, importante cliente da química”, conclui Fátima Giovanna.