Por Carlos Henrique de Paula*
Não há mais espaço no mercado para empresas que priorizam a produtividade, por exemplo, esquecendo-se da segurança de suas operações. Ou ainda, empresas que permitam que temas como a segurança ou a responsabilidade socioambiental comprometam sua produtividade ou competitividade. O que vemos atualmente são empresas modernas colocando em um mesmo plano, todos estes temas, que se completam.
No caso específico do mercado de mineração, com relação à segurança, a atenção dos gestores deve ser ainda maior, uma vez que, de fato, uma mina é, iminentemente, um ambiente com riscos de acidentes. Pelo porte e peso, respectivamente, de equipamentos e ferramentas, tensões e correntes elétricas elevadas, e altura de instalações e módulos a serem reparados e inspecionados – sem falar dos imprevistos que normalmente ocorrem.
Felizmente, empresas têm adotado diversas medidas para a redução do índice de acidentes nas minas, como: bandeirolas, luzes intermitentes, alarmes sonoros, fitas reflexivas com cores de alta visibilidade, rádios comunicadores, procedimentos de condução e estacionamento de veículos, sinais da buzina, vestuário de grande visibilidade, pintura reflexiva, sistemas anticolisão, etc. Entretanto, isso não elimina totalmente o risco de acidentes graves e suas consequências catastróficas.
Um dos principais elos de ligação entre a produtividade e a segurança nas operações de mineração é a tecnologia que, em contínua evolução, tem trazido resultados bastante positivos para o binômio produtividade-segurança. Naturalmente, a utilização destas tecnologias requer investimentos. E, em tese, não deveria haver restrições quanto aos investimentos no intuito de evitar acidentes e salvar vidas. Ou seja, a pergunta não deveria ser “Quanto custa esta solução oferecida para reduzir meus riscos de acidentes?”, mas sim “Esta solução realmente elimina ou reduz os riscos de acidentes?”.
Sabemos que, de forma geral, todos os departamentos – Operação, Manutenção, Engenharia, Segurança, etc. – têm limitações orçamentárias, porém a infelicidade de uma empresa em lidar com a ocorrência de um acidente é, além de traumática, muito onerosa. Parte destes custos podem ser medidos, outros não, como podemos constatar:
CUSTOS COM A OCORRÊNCIA DE ACIDENTES
MENSURÁVEIS
- Perdas e danos de bens patrimoniais
- Queda no valor das ações
- Perdas financeiras
- Perda de fatia de mercado
- Multas, indenizações e ações trabalhistas
- Retrabalho
- Queda da produtividade
- Custos após a ocorrência do acidente (investigação da causa, perícia, consultorias, advogados, etc.)
- Queda na qualidade do produto ou serviço
- Custos com seguros (sinistros)
- Rotatividade de funcionários
NÃO MENSURÁVEIS
- Vida e saúde das pessoas
- Danos à imagem da empresa
- Perda e danos de bens patrimoniais
- Queda na motivação e moral dos funcionários
- Perda da lealdade e fidelidade de clientes e funcionários
Diante disso, o principal convite que fazemos refere-se à reflexão sobre a máxima que diz que investir em segurança e na prevenção de acidentes, não significa aumentar seus custos, mas sim reduzi-los.
(*) Carlos Henrique de Paula é Mestre em Engenharia da Produção na área de Ergonomia pela UFMG.