PD&I – PESQUISA, DESENVOLVIMENTO E INOVAÇÃO NA MINERAÇÃO

PD&I – PESQUISA, DESENVOLVIMENTO E INOVAÇÃO NA MINERAÇÃO

Mathias Helder
Mathias Helder, engenheiro de minas do DNPM

Por: Mathias Helder

1.    Introdução

 O desenvolvimento da indústria minero-metalúrgica e a sua competitividade passam pelo desenvolvimento da PD&I (Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação) com novos padrões produtivos, novas tecnologias/processos e implementação de uma gestão orientada para a excelência e sustentabilidade. O setor mineral deve desenvolver a sua cultura de inovação, de forma que o processo de mudança seja bem sucedido, sustentável e com resultados desejáveis. O aumento da produtividade que torna a indústria mais competitiva pode ser alavancado por uma mão de obra mais eficiente e/ou através de novas tecnologias. Mas para implementar as novas tecnologias, existe a necessidade de constante qualificação dos recursos humanos para sua operacionalização dentro da indústria.

Para exemplificar, começando pela etapa de pesquisa mineral, houve uma grande evolução, evidenciando a importância do conhecimento da geologia, caracterização dos minérios/geometalurgia e o desenvolvimento de novos processos de prospecção para identificação de alvos. A definição incorreta das rotas de processo decorrente de erros na etapa de pesquisa mineral pode inviabilizar todo o empreendimento mineral ou exigir pesados investimentos na normalização das operações. Considerando as principais fases de um empreendimento mineral (prospecção, exploração, desenvolvimento, lavra e fechamento de mina), é possível identificar muitas oportunidades de PD&I, valorizando a visão sistêmica do projeto (vide figura 01).

É preciso ter um conceito de inovação bem claro. Segundo Frascatti, as atividades de inovação tecnológica são o conjunto de etapas científicas, tecnológicas, organizativas, financeiras e comerciais, incluindo os investimentos em novos conhecimentos, que levam ou que tentam levar à implementação de produtos e de processos novos ou melhorados. A PD&I não é mais do que uma destas atividades e pode ser desenvolvida em diferentes fases do processo de inovação, não sendo utilizada apenas enquanto fonte de ideias criativas, mas também para resolver os problemas que podem surgir em qualquer fase até a sua implementação (FRASCATI, 2002).

O processo inovador depende não só da competência interna das empresas, mas também da capacidade que elas têm de interagirem com outras organizações, em particular com as universidades e centros de pesquisa. O fator crítico de sucesso é a capacidade de gestão desse processo como um todo, devendo ser uma decisão estratégica da organização. Um ambiente desafiador nas empresas é mais um elemento facilitador para implementação da PD&I. O esforço de PD&I impacta na melhoria dos indicadores empresariais, operacionais e de sustentabilidade, melhoria da ecoeficiência, permitindo melhor recuperação dos minérios, aumento do nível de produção/produtividade, desenvolvimento de novos produtos, redução dos impactos ambientais e dos custos de produção. A conjuntura atual é bastante desafiadora, com necessidade de elevação da produtividade diante um cenário interno e externo bastante complexo. Empresas como a EMBRAER, EMBRAPA, NATURA, WEG, AZUL, GOL, EMBRACO, IBM, 3M, FIAT são um vitorioso exemplo de foco em PD&I, que já é realidade em muitas empresas de mineração no Brasil, mas existe muito espaço ainda a ser ocupado e desenvolvido.

 

PDInamineracao

 

Figura 01: Ciclo virtuoso da PD&I

Fonte: diversas, adaptado por Heider

  1. 2.    Inovação no setor mineral brasileiro       

 

No passado, as principais inovações na mineração brasileira podem ser exemplificadas pela viabilização do aproveitamento do fosfato ígneo no Brasil e pelo beneficiamento do itabirito na década de 60/70 pelas empresas VALE S.A., SAMITRI/SAMARCO Mineração e FERTECO Mineração S.A. Com isto, houve a agregação de imensas reservas de minério de ferro e a viabilização de um forte polo de pelotização, agregando valor ao produto. As grandes empresas de mineração no mundo desenvolvem projetos visionários como a “Mina do Futuro”, alocando projetos de PD&I. A Rio Tinto, BHP e a VALE desenvolvem esforços nesta “visão” buscando manter sua supremacia em um mercado que se revela cada vez mais complexo e incerto.

A VALE S.A. foi inovadora no desenvolvimento da logística (ferrovias e portos), viabilizando as suas exportações de minério de ferro, o que garantiu sua posição atual de maior produtora mundial deste insumo, além de se tornar mais uma fonte de receitas com fretes de outras mineradoras. A sua decisão em investir nos navios de maior capacidade (VALEMAX) e em centros de distribuição (CD) na Ásia foi uma inovação em logística com o objetivo de reduzir os impactos do custo de frete em relação aos concorrentes australianos no fornecimento de minério para a China.  Merece ser citada a sua inovadora estratégia de aquisições de mineradoras concorrentes, contribuindo para agregação de sinergias e maior oferta, em um momento em que a China despontava como grande consumidora em nível mundial. A empresa VALE S.A. implementou diversos centros de pesquisa através do ITV (Instituto Tecnológico VALE). Desenvolve ainda uma mina de potássio em Sergipe com uma nova metodologia de lavra (por dissolução), viabilizando o seu aproveitamento econômico. Citamos ainda o projeto S11D com um inovador sistema de lavras com uso de correias transportadoras, reduzindo a emissão de CO2 em cerca de 77%, além da redução do consumo de diesel.

Também citamos a CBMM em Araxá/MG, no desenvolvimento da produção de nióbio e nas suas aplicações, o que vem garantindo um mercado crescente a cada ano. Uma aguda visão de mercado e uma habilidade em transferir o seu desenvolvimento em tecnologia para escalas produtivas dão a esta empresa uma enorme vantagem competitiva. A internalização da tecnologia é um ponto forte do processo de PD&I da CBMM. Atualmente, essa empresa desenvolve um projeto de aproveitamento dos minerais de terras raras existente na sua jazida de nióbio como coproduto. Entre os produtos a serem obtidos, o óxido de lantâmio é estratégico para a indústria brasileira de catalizadores, bastante vulnerável ao fornecimento chinês. Além disso, o desenvolvimento da mineração de minerais de terras raras pode atrair uma série de empresas ao longo da cadeia produtiva com forte geração de emprego, renda e agregação de valor.

A empresa Mineração Curimbaba (Poços de Caldas/MG) também desenvolve uma série de aplicações para produtos com base na bauxita refratária, atendendo a uma ampla gama de segmentos (petróleo, fundição, cerâmica, óleos, microfusão, etc). A Galvani desenvolveu um processo de peneiramento a seco para beneficiar fosfato em uma região onde a falta de água é um fator crítico. A Galvani também desenvolve um processo de mineração de fosfato com aproveitamento de urânio em Santa Quitéria/CE. Empresas como a SAMARCO, GERDAU, Intercement também merecem ser destacadas.

O aproveitamento de minério das barragens de rejeito e a reciclagem de metais também podem ser considerados uma inovação no Brasil envolvendo diversos minerais (índio, nióbio, ferro, feldspato, etc). A Votorantim Metais desenvolve o projeto “resíduo zero” na sua usina de zinco em Três Marias/MG e o projeto Polimetálicos em Juiz de Fora/MG. Em Brasília, as empresas de cimento locais transformam o calcário que não é utilizado para cimento em agregados. Também merece destaque o esforço de pesquisa para identificar e viabilizar uma série de minerais (escarnito, basalto, mica-xisto, verdete, fonolito) para rochagem na agricultura (contribuindo para o aumento da produtividade).  A parceria com a EMBRAPA e outros órgãos de pesquisa são fundamentais para a viabilização deste aproveitamento.

O SENAI tem o “Instituto SENAI de Inovação em Tecnologias Minerais” com o objetivo de transformar Belém num pólo de pesquisa em mineração, difundindo a inovação no setor mineral. Ainda no Pará, a VALE implantou, desde 2012, o ITV (Instituto Tecnológico VALE) com o objetivo de gerar e difundir conhecimento cientifico inovador na área de desenvolvimento sustentável.

A mineração no mar é uma enorme demanda de PD&I no Brasil, para viabilizar novas oportunidades de exploração mineral e maximizar os benefícios para a sociedade. Novos métodos de lavra permitem o seu sequenciamento, minimizando custos, melhoria da produtividade e redução dos impactos ambientais. O desenvolvimento do beneficiamento de minério permitiu a elevação do rendimento das usinas e o aproveitamento de minerais cuja tecnologia era inexistente, o que impedia seu aproveitamento econômico. O Brasil tem uma expressiva reserva de titânio e o desenvolvimento de uma rota tecnológica economicamente viável colocará o País em destaque para mais um bem mineral.

 

 3.    Apoio à inovação no Brasil

Foi desenvolvida no Brasil uma estrutura para apoio à implementação do processo de PD&I nas empresas, além de uma legislação favorável, merecendo destaque a lei do bem. A Lei do Bem (11.196/2005 e IN 1187/2011), que concede incentivos fiscais às empresas que investem em pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I), registra crescimento no número de adesões. O número de empresas do setor de mineração pulou de 2 para 18 nos últimos seis anos. Considerando todos os incentivos fiscais concedidos pela Lei do Bem, o último relatório publicado mostra que o ganho real total para as mineradoras, em 2012, foi de R$ 32,3 milhões. As empresas participantes da Lei do Bem usufruem de incentivos fiscais, podendo obter desconto de 20,4% a 34% no Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) e na Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), além da redução de 50% do IPI na compra de máquinas e equipamentos destinados à PD&I, entre outros benefícios.

Existem também diversas associações, ONGs e órgãos do governo (CETEM, FINEP, MME, MCTI, Universidades, SEBRAE, EMBRAPA, ABDI, IPT, CETEC, ABNT, CAPES, CNPQ, BNDES, EMBRAPII, Centros de Pesquisa, etc) que lidam direta e indiretamente com questões relacionadas a PD&I. O MCTI, em parceria com o MME, desenvolveu dois seminários tratando o tema PD&I especificamente para o setor mineral, denominados ”Seminário sobre inovação em geologia, mineração e transformação mineral: governo, empresas e ICTs” (INOVAMIN). A FAPESP tem o programa PIPE e o CNPq, com o IEL, o programa INOVATALENTOS, com bolsas para pesquisadores. O setor privado lançou o MEI (Movimento Empresarial pela Inovação), que visa estimular a estratégia inovadora das empresas brasileiras e ampliar a efetividade das políticas de apoio à inovação por meio da interlocução construtiva e duradoura entre a iniciativa privada e o setor público. O desafio é fazer da Inovação uma estratégia permanente das empresas.

A formação de recursos humanos qualificados para o setor mineral foi um entrave nesses anos de crescimento. Se na década de 1980 não havia 10 cursos públicos de engenharia de minas em todo o Brasil, existem atualmente cerca de 30 cursos (entre universidades públicas e privadas). Diversas mineradoras investiram em seus centros de treinamento e tecnologia e em universidades corporativas, além de estruturas de ensino à distância, alcançando equipes mais distantes no interior. O esforço de capacitação é uma condição para uma ambiência favorável para a PD&I. Um modelo bem sucedido de PD&I no Brasil é o Parque Tecnológico da UFRJ, que já atraiu empresas de diferentes setores e mais de R$ 1 bilhão de investimentos desde 2003.

Foi editada a norma NBR 16501:2011, que estabelece diretrizes para o desenvolvimento e implementação de sistemas de gestão da Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) e é aplicável a qualquer organização, independentemente do porte, tipo e atividade. Suas diretrizes são genéricas e pretende-se que sejam aplicáveis a organizações que desejem iniciar ou aprimorar as atividades da PD&I, e definir, implementar e melhorar um sistema de gestão de acordo com sua política.

As exigências de conteúdo local são uma ótima oportunidade para PD&I ao possibilitar a incorporação de novas tecnologias e produtos. O MME e o MCTI lançaram, em 2004, a Rede APL Mineral que tem como objetivo principal divulgar e disseminar informações e as melhores práticas na cadeia produtiva do setor mineral, compreendendo o processo de extração, beneficiamento e transformação mineral, organizados em Arranjos Produtivos Locais (APL) de base mineral. No novo “Mapa Estratégico da Indústria 2013-2022” a inovação surge como componente fundamental do plano e a Fundação Getúlio Vargas (FGV) desenvolveu a “Roda da Inovação”.

Em 2011, foi lançado o Plano Inova Empresa, que tem como objetivos principais o estímulo às atividades de inovação das empresas brasileiras (incluindo o desenvolvimento de novos produtos e processos), a ampliação e criação de novas competências tecnológicas e de negócios (capacidade endógena de conhecimentos e tecnologias próprias), o desenvolvimento e adensamento das cadeias produtivas apoiadas, a adoção de melhores práticas de governança corporativa, o fortalecimento da estrutura de capital e a ampliação do acesso ao mercado de capitais por parte de empresas inovadoras.  Busca-se, portanto, contribuir com o aumento da produtividade e competitividade de economia. O Inova Empresa busca priorizar projetos com maior risco tecnológico e uma maior coordenação entre os agentes de financiamento e os instrumentos de apoio com o BNDES integrando esta iniciativa.

Recentemente, o MCTI lançou o Programa Nacional de Plataformas de Conhecimento, criado com base em experiências internacionais como os megaprojetos tecnológicos da China e as plataformas tecnológicas europeias. As Plataformas são arranjos público-privados, que articulam competências com base em uma infraestrutura de CT&I de última geração, com instituições de pesquisa e empresas, objetivando geração de conhecimento, produtos e processos. Seu objetivo central é promover a articulação do conhecimento científico gerado nas universidades e instituições de pesquisa com as empresas e as ações governamentais, além de viabilizar e apoiar o trabalho em rede. O que constitui a Plataforma é a articulação da instituição de ciência e tecnologia, por um lado, e do sistema produtivo e empresarial, por outro.

Com a proposta de estruturar parcerias em pesquisa com o setor privado, as universidades públicas paulistas criaram, nos últimos anos, agências de inovação. A AUIN, da Unesp, por exemplo, foi criada com a proposta de uma estrutura enxuta e capaz de conversar e entender a linguagem do setor empresarial. Diversos governos estaduais também se engajaram na difusão da PD&I, potencializando as suas vocações produtivas regionais e contribuindo para a competitividade de suas economias.

Em 2012, a despesa em PD&I dos BRIICS foi de US$ 330 bilhões ante US$ 1,1 trilhão dos países da OCDE, o que mostra a importância desse investimento. Os gastos anuais com PD&I entre as 1.000 empresas de capital aberto do mundo que mais investem nesse quesito alcançaram a cifra recorde de US$ 638 bilhões em 2013, de acordo com estudo Global Innovation 1000, da consultoria Booz & Company. Para efeito comparativo, a última Pesquisa de Inovação (Pintec) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que compreendeu o período de 2000 a 2011, calculou entre 6,5 mil e 7 mil o número de empresas que realizam P&D continuamente.

Para se aproximar da média dos investimentos em ciência, tecnologia e inovação dos países avançados, os investimentos públicos no setor feitos pelo Brasil precisariam aumentar em pelo menos 10% ao ano, saltando dos atuais R$ 28 bilhões para R$ 50 bilhões por ano. Em 2012, o BNDES investiu mais de R$ 2 bilhões na área de PD&I. Desde 2007, a instituição ampliou a participação nos projetos inovadores de empresas nacionais por meio da criação de fundos de capital de risco.

O Congresso Nacional está promulgando, talvez ainda em março de 2015, a Emenda Constitucional (EC) 85, que estimula o desenvolvimento científico, tecnológico e a inovação. A EC, aprovada em abril de 2014, proveniente da Proposta de Emenda à Constituição 290/13, altera vários dispositivos constitucionais para melhorar a articulação entre o Estado e as instituições de pesquisa públicas e privadas. Entre as novidades está a ampliação das entidades que poderão receber apoio financeiro do poder público. Atualmente, apenas as atividades universitárias de pesquisa e extensão podem receber esse apoio. A emenda estabelece ainda como função do Estado o apoio à articulação entre os entes do setor, tanto públicos quanto privados, na execução das atividades de pesquisa, capacitação científica e tecnológica e inovação, dentre outros avanços.

4.    Considerações e Conclusões

A mineração de excelência no Brasil não é mais uma opção, mas uma necessidade para o setor manter-se competitivo e, certamente, a questão de PD&I assume um fator importante nesse contexto.

Levantamento da Harvard Business Review apontou que a inovação é responsável por 38% das receitas e por 61% do lucro das empresas no mundo, estimulando que companhias como a Vale, Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) e Votorantim Metais apoiem o Centro de Inovação e Tecnologia Senai/Fiemg, no Horto. Existe uma visão distorcida de que PD&I envolve altos investimentos, laboratórios de grande porte e a contratação de cientistas, o que acarretaria em altos custos. Por outro lado, há uma percepção de que o setor mineral é pobre de tecnologia e inovação, o que não corresponde à verdade.

Onde pode ser feita a PD&I nas empresas de mineração? Numa visão simplista, a inovação pode ser vista como “ideias em ação”, colocadas de forma prática eficaz. A questão é “pensar fora da caixinha” e quebrar paradigmas, “mexendo até em time que está ganhando”. Como exemplo, podemos citar: processos de trabalho da empresa (projeto, beneficiamento, mina, logística, manuseio de minérios, etc); produtos; novos usos; redução dos impactos ambientais; uso e gestão dos recursos energéticos; melhoria da ecoeficiência; agregação de valor; avaliação de novos reagentes/insumos; sistemas de gestão; tecnologias limpas; uso futuro de áreas de mineração; modelagem/simulação; sistema de coleta de ideias dentro e fora da empresa; realização de benchmark; cooperação com empresas e centros de pesquisa/universidades; otimizações; segurança do trabalho; melhoria da qualidade; reavaliação das metodologias internas; reaproveitamento de rejeitos e estéreis; reaproveitamento de novos minérios; automação; nanotecnologia; relacionamento com as comunidades; redução de desperdícios e gargalos; inovações em outros setores, etc. Outro ponto a ser questionado na empresa é a antecipação de rupturas tecnológicas, direcionando novas ações de PD&I e a constante pesquisa por boas práticas na mineração e outros setores.

A solidificação de um sistema de PD&I na mineração brasileira permitirá um fluxo de melhorias, alinhando a sua competitividade aos demais países de expressão minerária (EUA, China, Austrália, Canadá, África do Sul, etc). Negligenciar esse aspecto pode ter um enorme custo, com perda de mercados e redução da atividade minerária. E é sempre importante ressaltar que o desenvolvimento da educação é um alicerce fundamental para a PD&I e efetiva implementação das inovações e melhorias. É bom ressaltar que o conhecimento existente (processos, tecnologias, projetos) em uma empresa é um ativo intangível valorizando seu capital humano e deve ser continuamente trabalhado e potencializado, contribuindo para a competitividade e melhoria contínua. Os ganhos são diversos: redução de custos, elevação de participação de mercado, redução de impactos ambientais/sociais, ganhos de imagem, obtenção de vantagem competitiva e atração de talentos com a implantação de um círculo virtuoso na empresa.

Para o processo de inovação ser bem sucedido, as empresas devem ter um planejamento estratégico de PD&I, com a realização de um diagnóstico (tecnologia, processos de trabalho, etc), identificando as oportunidades de melhoria e desenvolvimento. A etapa seguinte é a internalização da tecnologia com a elaboração de um projeto de pesquisa, buscando a inovação em seu dia-a-dia.

Na medida em que a pesquisa vai se desenvolvendo, a empresa desenvolve um projeto piloto para avaliação de todas as variáveis e dos resultados obtidos, até que o mesmo possa ser implementado em escala de produção econômica e/ou disseminada pela empresa. As associações de empresas (Abirochas, IBRAM, ABAL, Anepac, etc) também podem ter um papel crescente no processo de PD&I, identificando e disseminando as tecnologias, oportunidades de melhoria e boas práticas do setor mineral.  Muitas empresas de mineração inseridas em um mesmo arranjo produtivo local (APL) apresentam uma condição favorável para disseminar as inovações com apoio da governança local. 

O desenvolvimento de novos usos e aplicações de minerais e suas etapas posteriores de transformação podem trazer significativos resultados em termos de agregação tecnológica/valor e ganhos de mercado. O setor mineral deve desenvolver uma agenda de inovação para cada operação (minério de ferro, rochas ornamentais, argilas, etc).

Existe no Brasil uma ampla rede de apoio e disseminação da PD&I, que deve trabalhar da forma mais articulada possível, orientada por políticas de médio e longo prazo, com forte integração da Academia/Empresa. Existem diversos centros de PD&I no Brasil vinculados a diversas empresas privadas e multinacionais (Unilever, GE, Petrobras, Siemens, IBM, Vale, etc) que são um modelo de sucesso, a exemplo daqueles localizados no parque tecnológico da UFRJ, situado na Ilha do Fundão no Rio de Janeiro. A realização de um amplo diagnóstico do sistema de PD&I na mineração do Brasil, com a identificação de todos os agentes e órgãos envolvidos e a elaboração do marco legal de apoio à inovação deve ser incentivada e viabilizada.

Outra ação a ser considerada é o desenvolvimento de um manual de PD&I para a Mineração, mostrando a situação legal, estruturação, fluxos, papel de cada agente, boas práticas e os incentivos existentes.

Referências:

MANUAL DE FRASCATI: Proposta de práticas exemplares para inquéritos sobre

investigação e desenvolvimento experimental, p. 17. [Original: Organization for Economic Co-operation and Development (OCDE): The measurement of scientific and technological activities. Proposed standard practice for surveys on research and experimental development – Frascati Manual, 2002.]

Garcia,R. Inovação, um bem mais que necessário, Jornal Brasil Econômico, 03 dez 2014

Sites consultadoshttp://www.ibram.org.br/150/15001002.asp?ttCD_CHAVE=224267;

http://www.mme.gov.br/mme/galerias/arquivos/noticias/2011/PNM_2030.pdf;

http://www.fdc.org.br/professoresepesquisa/nucleos/Documents/Apresenta%C3%A7%C3%A3o-O%20Brasil%20como%20plataforma%20para%20investimentos%20em%20PeD.pdf;

http://www.cienciaempauta.am.gov.br/2014/11/crise-economica-ainda-afeta-pdi-em-escala-global/;http://ufrgs.br/portaldapesquisahttp://www.finep.gov.brhttp://www.mct.gov.br

http://agenciacti.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=3915:investir-em-pdai-e-o-desafio-das-empresas-brasileiras-diz-diretor-do-bndes&catid=92:br&Itemid=187

http://www.banasqualidade.com.br/2012/portal/conteudo.asp?Secao=Noticias&codigo=16972

http://www.fiepr.org.br/seminario-mineral/uploadAdress/Estrategias de Inovacao para a Industria Mineral[52077].pdfhttp://www.redeaplmineral.org.br

http://www.portaldaindustria.com.br/cni/iniciativas/programas/mei/2014/07/1,2080/sobre-a-mei.html?parent=O%20que%20%E9

http://www.fdc.org.br/professoresepesquisa/nucleos/Documents/Apresenta%C3%A7%C3%A3o-O%20Brasil%20como%20plataforma%20para%20investimentos%20em%20PeD.pdf

http://www.ufrgs.br/portaldapesquisa/noticiaseeventos/?p=5882.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.