UMA PERDA INESTIMÁVEL

UMA PERDA INESTIMÁVEL

Por: Tébis Oliveira (1) 

villas-boas (4)A notícia da morte de Roberto Cerrini Villas-Bôas, em 15 de junho, aos 73 anos, correu mundo. Não sei se chegou à Rússia ou a alguns países africanos, alguns dos poucos lugares que ele não conheceu em vida. Aqui no Brasil, seu nome será dado ao auditório do CETEM (Centro de Tecnologia Mineral), que ele dirigiu por 20 anos (1978/1998) e onde foi pesquisador desde sempre. Se incorporar seu carisma, charme e gentileza será, certamente, o auditório mais acolhedor e interessante de todos os que tratam de mineração.

Villas se foi antes de setembro chegar. Nesse mês receberia, em Quebec, no Canadá, mais uma de tantas condecorações pelo incansável ativista de uma vida toda da causa da sustentabilidade da mineral. Talvez, no evento, agradecesse em francês, língua de seus anfitriões, o “Distinguished Service Award”, concedido a ele pelos conselheiros do International Mineral Processing Council durante o XXVIII encontro do conselho.

Em comunicado publicado no site da entidade, Cyrill O’Connor, Chairman do IMPC diz: “A notícia da passagem repentina de Roberto foi recebida com profunda tristeza por todos os seus amigos e colegas de todo o mundo e, especialmente por nós do IMPC. Em muitos aspectos, ele era um homem à frente do seu tempo. Seu envolvimento em questões de sustentabilidade em mineração e processamento de minerais era muito amplo e, globalmente, seu legado será maravilhoso por suas contribuições nesse campo”.

“Além de ser um proeminente cientista e acadêmico no campo de mineração, o brasileiro Roberto Cerrini Villas-Bôas será recordado por quem o conheceu de perto como um homem amigável e altamente criativo e afetuoso. Pudemos compartilhar e desfrutar de uma pessoa com uma caudal de vida único, alegria contagiosa, gerador de ideias, promotor e construtor da cooperação, assim como de um grande apoio em momentos de dificuldade para a continuidade de nosso programa”, diz nota publicada pelo CYTED (Programa Iberoamericano de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento), onde Villas-Bôas atuou como coordenador internacional.

Hugo Nielson, secretário de Vinculação Produtiva da Universidad Nacional de San Martin, da Argentina, lembra em artigo publicado no site Mining Press, que conheceu Villas-Bôas nos anos 1980. “Desde então, tive a sorte de acompanha-lo em inúmeras oportunidades dividindo seus conhecimentos científicos de forma clara, derrubando mitos e conscientizado sobre o desenvolvimento sustentável. (…) Nos fez crer a todos que era imortal. E se foi de repente, quase sem avisar, antes do tempo… Perdemos suas longas conversas, suas contribuições inteligentes, a criatividade permanente, sua sabedoria inigualável, seu espanhol perfeito…o mais argentino dos brasileiros”.

Em outro artigo, Roberto Sarudianshy, assessor técnico do OLAMI (Organismo Lationamericano de Minería), diz que todo encontro com Roberto se convertia em um espaço gerador de novas ideias e projetos. “Desapareceu um profissional excepcional, uma referência mundial, mas o mais doloroso é que desapareceu um grande amigo. Pessoalmente, estranharei muito não receber os e-mails começado com um ‘Hola Tocayo”.

Tébis Oliveira (1) é editora de Sustentabilidade e Novos Projetos da revista In The Mine

 

(veja entrevista exclusiva de Villas-Bôas à In the Mine, em 2006, aqui 

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