Com 40 anos de carreira na Usiminas, Sérgio Leite de Andrade poderia estar entre os dez notáveis engenheiros da, então futura, siderúrgica do país que, em 1958, foram ao Japão aprender técnicas de produção de aço. Sete deles, formados na mesma turma da Escola de Minas de Ouro Preto (UFOP), acabaram recebendo a alcunha de “7 Samurais”. Hoje, esse know how não é problema para a empresa, que o domina integralmente. Problema é o grau de endividamento que ela atingiu em 2012 e que a levou a um intensivo corte de pessoal, custos e investimentos, culminando com o rebaixamento de seus ratings corporativos pela agência de risco Moody’s, em fevereiro de 2015.
Na origem dessa situação estão, segundo Sérgio Leite, como é mais conhecido o executivo, fatores internos e externos. Foi como diretor-presidente da empresa, cargo que exerceu por cerca de cinco meses, entre maio e o início de outubro deste ano, que o engenheiro metalúrgico concluiu a renegociação dos financiamentos da Usiminas junto a seus credores bancários. Nesse período, também obteve dos acionistas a aprovação do aporte de R$ 1 bilhão pelas controladoras Nippon Steel e Ternium/Techint para aumento de capital.
E, inspirando-se nos “7 Samurais”, criou o “Grupo dos 10”, com profissionais de carreira da empresa, para desenvolver e implementar projetos que a levem à geração de resultados.
E esses não se fizeram esperar. O EBITDA Ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação, amortizações e impairment) da Usiminas já cresceu 31% do primeiro para o segundo trimestre deste ano. As vendas de aço, estáveis, beiram as 900 mil t, os estoques baixaram 9% e 15 mil empregados já têm o que comemorar. Mesmo a avaliação da Moody’s foi revertida e os papéis da siderúrgica tiveram uma alta de 146,06% no primeiro semestre de 2016.
Em 05 de outubro, a 11ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais decidiu restabelecer a diretoria anterior da Usiminas e Leite voltou a ocupar seu cargo anterior, de Vice-Presidente Comercial da companhia. Nesta entrevista exclusiva à In the Mine, o executivo fala dos ajustes realizados, do atual foco do grupo na geração de resultados e da retomada da confiança de seus investidores. Diz, ainda, esperar medidas do governo para que os fabricantes nacionais tenham condições isonômicas de competitividade com as empresas internacionais.