PERSPECTIVAS PARA A MINERAÇÃO DE COBRE NO BRASIL

PERSPECTIVAS PARA A MINERAÇÃO DE COBRE NO BRASIL

  1. Introdução e histórico

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Por Mathias Heider[1]
Até a década de 1990, somente as empresas Mineração Caraíba e Companhia Brasileira do Cobre- CBC (desativada em 1996) tinham projetos de cobre em operação no Brasil. Em 1995, a produção de cobre contido no concentrado no país atingiu o total de 48.933 toneladas, decaindo para 26.275 toneladas em 2003, reflexo da desativação da CBC em Camaquã/RS.

Em 2004, o Brasil inaugurou uma nova era na mineração de cobre com a implantação do projeto Sossego pela Vale, no Pará, iniciando as suas exportações de concentrados de cobre conforme tabela 01. Até então, somente o projeto da Mineração Caraíba, localizado na Bahia, tinha produção mais expressiva no cenário nacional. Em 2005, a Yamana implantou o projeto Chapada, em Goiás. Em 2012 e 2014, a Vale implementou os projetos Salobo I e II. Todos esses projetos transformaram o Brasil em exportador superavitário de cobre, contribuindo com geração de empregos, renda, divisas e desenvolvimento local/regional. Em 2016, a Avanco Resources iniciou a produção no projeto Antas North, no Pará.

Citamos outras empresas de menor porte, que produziram cobre como produto principal,  e de maior porte, que produziram o cobre como subproduto:

– Prometálica Mineração Centro Oeste (Americano do Brasil/GO): operou de 2006 até 2013;

– Prometálica (Santa Helena/MT): parceria entre o grupo Votorantim e a Jaguar Mining, com atividades iniciadas em 2006 e suspensas com a crise de 2008;
– Grupo Votorantim (Niquelândia/GO e Serra da Fortaleza/MG): produção de cobre como subproduto do níquel, com atividades atualmente suspensas;
–  Serabi Gold (Itaituba/PA): produção de cobre como subproduto da mineração de ouro, em torno de 500 a 1.000 tpa.

  1. Produção de cobre no Brasil, projetos futuros e cenários

 

 Tabela 01: Produção, exportações e importações de cobre

 

A produção brasileira de cobre contido no concentrado atingiu seu pico em 2015 com 350.940 toneladas, destacando-se ainda o superávit das exportações de concentrado em torno de US$ 1 bilhão (em 2006, o déficit havia atingido US$ 549 milhões ). Ainda em 2015, a balança comercial do cobre (concentrado + metal semimanufaturado) foi superavitária pela primeira vez, chegando a expressivos US$ 413 milhões, conforme tabela 01.

Cabe destacar que os projetos de cobre já iniciados no Pará e em Goiás (Vale, Yamana e Avanco) também impactaram na elevação da produção de ouro no Brasil. Somente em 2016, o ouro obtido como subproduto da mineração de cobre atingiu um expressivo quantitativo da ordem de 15.800 quilos, correspondendo a cerca de 22,5% da produção industrial desse metal no Brasil.  Entre 2000 e 2015, foram outorgadas 13 concessões de lavra para cobre, conforme tabela 02.

Tabela 02: Concessões de lavra para Cobre – 2000 a 2015

Fonte: DGTM/DNPM

Na figura 01 abaixo é mostrado o mapa com os direitos minerários do cobre, destacando-se os estados de Pará, Goiás, Tocantins, Rondônia, Bahia e Rio Grande do Sul. Citamos ainda Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte.

Figura 01: Títulos minerários Cobre (base 31.12.2016)

Fonte: CGTIG/DNPM

  1. Projetos futuros e potencialidades

A Mineração Caraíba tem vários projetos de exploração de cobre na Bahia –  Vermelhos, em Juazeiro; Suçuarana, em Jaguarari e Angicos, em Curaçá – e um no Pará: o de Boa Esperança, em Tucumã .

Também no Pará, a Vale tem um amplo portfólio de pesquisa mineral e projetos de cobre: 118, Visconde, Furnas, Paulo Afonso, Cristalino, Polo, Alemão, Igarapé Cinzento, Estrela, Gameleira, Aguas Claras e Breves, que possibilitarão futuramente a ampliação de sua produção. Porém, com a necessidade de licenças ambientais e investimentos envolvendo elevado CAPEX e prazo de implementação, estima-se que a Vale não coloque nenhum novo projeto de cobre em operação em torno dos próximos 5 anos.

Alguns outros projetos de médio porte, além de produção oriunda como subproduto da mineração de outros metais (zinco, níquel, chumbo e ouro), podem entrar em produção em um horizonte entre 3 e 5 anos. Com os novos projetos e reativações, pode-se estimar uma projeção de produção da ordem de 400.000 toneladas de cobre contido no concentrado em 2022.

Listamos, a seguir, alguns projetos em fase de pesquisa mineral e/ou avaliação de viabilidade econômica: Votorantim Metais (Caçapava do Sul/RS), Avanco Resources (Pedra Branca/PA e Rio Verde/PA), Aura Minerals (Mineração Rio Verde/AL), Lara (Mina Maravaia/PA, Planalto/PA e Liberdade/PA, este em associação com a Codelco). A Voyager Resources tem os projetos Salobo Sul e Primavera, tendo adquirido vários títulos minerários da Xstrata (adquirida pela Glencore). A Centaurus Metals também avalia os projetos Aurora e Parambu, no Ceará, e Salobo Oeste, no Pará.

Fontes: veja em www.inthemine.com.br

Referências:

http://www.brasilmineral.com.br/noticias/cara%C3%ADba-suspende-parte-das-atividades

https://www2.mppa.mp.br/sistemas/gcsubsites/upload/41/Nota%20Tecnica%20EIA-RIMA%20Projeto%20Boa%20Esperanca%20-%20Mineracao%20Caraiba(1).pdf

http://www.ibram.org.br/150/15001002.asp?ttCD_CHAVE=267505

https://zerohora.atavist.com/minasdocamaqua

http://www.avbmineracao.com.br/

http://www.adimb.com.br/site/admin/inc/clipping/257.pdf

 

[1] Engenheiro de Minas do DNPM/Sede

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